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janeiro 26, 2021

SONETO DA FIEL INFÂNCIA

 


SONETO DA FIEL INFÂNCIA 

Tudo que em mim foi natural — pobreza,
 Mágoas de infância só, casa vazia, 
Lutos, e pouco pão na pouca mesa —
 Dói na saudade mais que então doía. 

 Da lamparina do meu quarto, acesa 
No pequeno oratório noite e dia, 
Vinha-me a sensação de uma riqueza 
Que no meu sangue de menino ardia. 

 Altas horas, rezando no seu canto, 
Minha mãe muitas vezes soluçava 
E dava-me a beijar não sei que santo. 

 Meu Deus! Mais do que o santo que eu beijava, 
Faz-me falta o cair daquele pranto 
Com que ela junto ao peito me molhava. 

 Ribeiro Couto

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