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novembro 23, 2010

Un tango en el bolsillo


Oleo Stella Conde

Un tango perfuma la noche
con una viruta sentimental,
son rezongos de un fuelle soñoliento
sobre las calles empedradas
de luna y misterio, en la esquina
del bar con el farolito que parpadea
hay una lánguida nostalgia ,
allí vienen los recuerdos
de tus manos que me arrullan
en tu falda de orgulloso abuelo,
en la esquina del buzón porteño
donde subida a tus zapatos
me enseñaste el 2 x 4
al ritmo de D'Arienzo,
y por las tardecitas luego
del mate, me cantabas
“ Azabache ”
Hoy ya mujer vuelvo
al barrio que me vio crecer,
con mi pollerita de percal
y un pañuelo carmesí
te bailo y canto el compás
de la cuna de tus sones
evocándote a ti que fuiste
un milonguero del 900
de corazón compadrito
y un tango en el bolsillo.


" Dedicado a mi abuelo "


Colibrí

novembro 19, 2010

POR TODA MINHA VIDA

POR TODA MINHA VIDA Essa vida é mesmo danada. Parece que foi ontem, eu, ainda criança, brincando pela rua encantada achando que seria por toda minha vida. Como se o tempo cantasse a noite inteira como se eu fosse a canção de despedida numa terra estrangeira. Cibele Camargo

novembro 06, 2010

EU NÃO QUERO PERDER NADA...

 
Eu não quero perder nada dos meus erros e acertos, é com muitos tropeços que se aprende a ser grande; que em muito há de ser tolerante e que a fé sozinha não é o bastante; quero passar por tudo, em tudo, aprendendo de todos; calando mais meus impulsos, escutando mais de meu Deus; porque daí eu eu sei que eu vou estar pronta e lembrar que amadurecer não é somente uma questão se ter sorte, que embora assim, tão pequena, eu vou ter aprendido a ser forte...' Cáh Morandi


VOLTA DE PASSEIO


Assassinado pelo céu,
entre as formas que vão para serpente
e as formas que buscam o cristal,
deixarei crescer os meus cabelos.

Com a árvore de tocos que não canta
e o menino com o branco rosto de ovo.

Com os animaizinhos que a cabeça rota
e a água esfarrapada dos pés secos.

Com tudo o que tem cansaço surdo-mudo
e mariposa afogada no tinteiro.

Tropeçando com meu rosto diferente de cada dia.
Assassinado pelo céu!

García Lorca

novembro 05, 2010

Amor silêncio



Amor silêncio amargo a roçar-me a morte
grito partido do vidro sobre o peito
ilha deserta no meio das capitais do norte
grilhetas ajustadas no rio em que me deito.

Distância cumulada remanso duma espera
ponte de aventura do dois à unidade
amor brilho raiando a chave do desejo
minuto adormecido ao pé da eternidade.

Amor tempo suspenso, ó lânguido receio,
no pranto do meu canto és a presença forte
estame estremecido dissimulado anseio
amor milagre gesto incandescente porte.

Amor olhos perdidos a riscar desenhos
em largo movimento o espaço circular
amor segundo breve, lanceta, tempo eterno
no rápido castigo da lua a gotejar.


Salette Tavares

novembro 04, 2010

Canto Esponjoso


Canto Esponjoso

Bela
esta manhã sem carência de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Humidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Calvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.

Carlos Drummond de Andrade

Meu ser evaporei na lida insana



Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava:
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.

Bocage

novembro 02, 2010

ALMA

Alma Somente tu, nobre alma, acalma com teu manto este pobre; Ainda sob o estigma da vida em pedaços, Com tua inefável luz, oriunda do espaço, Sustentáculo de carinho... Forte braço! Encobre-me por inteiro... Gesto faceiro!... Como és nobre!... Li no teu olhar. Fiz-me brilhar. Deste-me inspiração... Alma boa, como tua palavra me esclarece! Guardo no peito o néctar que me ofereces, Agradeço-te de corpo e alma... Uma prece! Soa a voz de tua ternura... Esta ventura... Ah! Coração! Imagino a aurora, minh’alma chora por tê-la, Ouço os acordes, acalmam m’dores, Louvo tua presença!... Ofereço-te flores! Encontro à razão. Atinjo os esplendores!... ... Teus carinhos afagam meus caminhos, minha estrela. Machado de Carlos

NÃO MORRERAM, PARTIRAM PRIMEIRO


NÃO MORRERAM, PARTIRAM PRIMEIRO
(Amado Nervo)

Choras os teus mortos com tanto desalento
que parece até que és eterno.
Eles não morreram, apenas partiram primeiro.
Como lobo faminto, te agitas impaciente, na ansiedade de desvendar os mistérios que poderão ser simples, transparentes e brilhantes aos quais terás acesso quando tu mesmo morreres.
Eles não morreram, apenas partiram primeiro, diz sabiamente o provérbio inglês.
Eles partiram antes... Por que insistis em questionar o porque?
Deixa-os sacudir o pó da estrada.
Deixa-os curar no colo do Pai os pés feridos da longa caminhada.
Deixa-os descansarem os olhos nos verdes pastos da paz.
Antes, preparas a tua bagagem, pois o comboio te espera.
E essa sim, é uma tarefa prática e eficiente.
Verás os teus mortos, e isso é um fato próximo e inevitável. Então não tenhas a menor pressa em alterar as poucas horas do teu descanso.
Eles, num impulso quebraram as barreiras do tempo e te esperam pacientemente.
Apenas foram num comboio anterior.
A morte é uma alegria, e esse conhecimento é dado por Deus aos que se aproximam dela, e oculto aos que ainda irão percorrer longa etapa de vida, para que sigam naturalmente o caminho.

Tradução livre por Regina Helena e Maria Madalena

AMOR INGLÓRIA



AMOR INGLÓRIA
(Genaura Tormin)

Eu queria te dar tanto carinho!
Esperar-te à sombra daquele ipê florido,
Bem pertinho da lagoa, lá curva do caminho.

E no aconchego de almas em desatino,
Num último beijo, selar a nossa história,
Ao arrepio da maldade do destino,
Que nos lançou a um amor inglória.

No desalento, ao romper da aurora,
Esse amor tão grande morrerá sozinho,
Em retalhos dispersos pelo vento frio,
Numa campa abandonada à beira do caminho.