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julho 20, 2009
SAUDADE
SAUDADE
Saudade é uma dor suave e forte!
Cicatriz a sangrar dentro da gente. . .
E a vida em flor com sensação de morte;
Amanhecer com sombras de poente.
Saudade! Insônia de quem não se importe
De sonhar envolvido em sono quente.
Nuvem de sol, calor que desconforte
A alma gelada, tiritante e ardente.
Saudade é a expressão indefinida. . .
Verso incompleto de canção dorida...
Minuto que se fez eternidade!
Recado extraviado no caminho. . .
A paz da ave que perdeu seu ninho...
Melodia de pranto é o que é Saudade.
Bernardina Vilar
In ‘Bom dia Saudade’ (1995)
SAUDADE
SAUDADE
Saudade é aquela estrela cintilante
Que fugiu, se apagou tão de repente
E no percurso de um vagar errante
Fez da nossa alegria, dor latente.
Saudade é a ilusão do eterno instante
Vibrando forte, audaz, dentro da gente,
Sentimento ferino, estonteante,
Em nosso íntimo agindo docemente.
Saudade é um silêncio tenebroso,
Frio, agreste, fatal, misterioso
Que nos fere, maltrata e acalenta.
Saudade é a tristeza de um momento
Rodopiando em nosso pensamento
Tornando nossa vida em morte lenta.
Bernardina Vilar
In ‘Bom dia Saudade’ (1995)
Saudade
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SAUDADE
Saudade. Lua cheia se elevando
Pelos azuis dos céus em noite mansa
Prateando os espaços e espalhando
Sobre a terra a luz branca da bonança.
Saudade. Estrada longa procurando
Achar na mata o verde da esperança.
E o seresteiro ao violão cantando
De um mistério insondável, uma lembrança.
Saudade. O grito agudo de um lamento
Que se mistura ao sibilar do vento
E bate em cheio em nosso coração...
... A sublime visão de quem amamos
Que fugindo de nós nunca alcançamos
Mesmo retida na recordação.
Bernardina Vilar
SAUDADE
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SAUDADE
Saudade é a oração que nós rezamos
Com os olhos presos na recordação
Avivando as lembranças que guardamos
Bem no escrínio do nosso coração.
Saudade é a melodia que entoamos,
De uma ária, doce emoção
Angústia dolorosa que provamos
Num momento de atroz separação
Saudade é um lenço branco tremulando
Uma palavra – adeus – na despedida,
Uma lágrima a brilhar em nossos olhos.
Saudade é o dia-a-dia transformando
Um sonho acalentado em nossa vida
Num pesadelo feito só de escolhos.
Bernardina Vilar
SAUDADE
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SAUDADE
Saudade! Um campo santo palmilhado
De cruzes toscas entre pobres flores...
Um quadro de amarguras retratado
Na tristeza, na dor, nos dissabores.
Saudade! A voz de um sino pendurado
Na torre da igrejinha, em estertores
E um jasmineiro branco, recurvado,
Flores pendentes, emanando olores.
Saudade! Um ser transpondo de mansinho
A vereda silente de um caminho
Que o conduz ao mais árduo desencanto.
E ali tremente em palpitante anseio
Sente pulsar as convulsões do seio
Que o faz rolar um copioso pranto.
Bernardina Vilar
SAUDADE
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SAUDADE
Saudade é um sino triste bimbalhando
Na igrejinha branca de uma aldeia;
E um violão sonoro dedilhando
De uma noite, ao clarão da lua cheia.
Saudade é um rio cheio transbordando
Lançando ao longe turbilhões de areia;
É a cachoeira se precipitando
Jogando as águas no furor que ateia.
Saudade é uma manhã de sol nascente
Com gotinhas de orvalho ornamentando
As flores de um jardim, desabrochadas...
E a gente a contemplá-las docemente
Percebendo que em nós estão faltando
Todas as alegrias desejadas.
Bernardina Vilar
Saudade
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SAUDADE
Saudade é o longo espaço do momento
Em que murcharam nossas esperanças
É o sonho que restou no pensamento
Como uma apoteose de nuanças.
Saudade é conservar bem vivo, atento
O amor passado, cálida lembrança!
É contemplar sozinho ao desalento
A extrema solidão que em nós descansa.
Saudade é um coração pulsante forte,
Palpitante, ansioso, inconsolável
Por ver o aproximar de uma partida.
E ser logo atingido pela morte
De seu amor tão grande, inigualável,
Consumindo num adeus de despedida.
Bernardina Vilar
A VOZ DA SAUDADE
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A VOZ DA SAUDADE
Se cai a noite plácida, serena,
Tão branca de luar — doce magia...
A carícia da brisa torna a cena,
Num requinte envolvente de poesia.
O azul do céu de uma beleza extrema
Povoado de estrelas irradia,
E qual o encantamento de um poema
Faz palpitar sutil melancolia.
No Coração da mata um mocho pia
Rompendo a solidão num tom dolente,
Como um canto de amarga soledade.
E o coração da gente silencia
Porque mais alto que sua voz ardente
Fala a voz merencória da saudade.
Bernardina Vilar
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