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março 12, 2009

POEMA LIBERTO



POEMA LIBERTO
(Genaura Tormin)

Presos,
Ao lado do coração,
Ressoam badalos,
Fragmentos de versos,
Arco-íris perdido,
Desejos conturbados,
No peito da agonia.

Insanos,
Esbaforidos,
Querem sair,
Extravasar a lira...

Em alforria,
Mostrar-se ao mundo,
Fazer a poesia,
Cantar a liberdade,
A alegria.

Em signos,
Crio-lhes pontes,
E os dedos ágeis tamborilam
Sobre o teclado,
Dando passagem triunfal
Ao condenado.
Abrem-se as férreas grades,
E o poema ainda amedrontado,
Eclode em liberdade.

PUNHAL DO TEMPO


PUNHAL DO TEMPO
(Genaura Tormin)

Foram-se os verdes anos,
A juventude cheia de festa,
De encantos...
O castelo, o príncipe encantado...
Lembranças fortes,
Reclusas aqui,
Nos versos que decanto!

O calendário inclemente
Conta as saudades,
Registrando lentamente
No filme da vida,
Uma história ultrapassada, vencida.

Hoje,
Sou apenas
Um retrato já desfigurado,
Fora de moda.
Sou o tempo que não vivi,
A timidez que não venci.
Sou um disfarce qualquer
Perambulando por aí.

Tenho machucaduras
Expostas aqui na alma.
Os sulcos por toda a face
Dos pedregulhos da estrada,
Do punhal que me apunhala.

RECOLHENDO CACOS


RECOLHENDO CACOS
(Genaura Tormin)

Dentro de mim mora o tempo,
Numa ciranda de atos,
Em que sou a protagonista.

Vasculho cantos,
Estampados no espelho do passado.
Fantasmas silenciosos,
Ainda estão reclusos
No meu porão de saudades.

Fragmentada,
Sigo resoluta.
Tento recolher os cacos,
Reconstruir o que me foi roubado.
A vida é um palco.
A máscara é o abrigo,
Que me esgarça o riso,
Borda minha colcha de retalhos.

Os sonhos se esconderam
No vazio do nada,
No sufoco de desejos incontidos.
Os elos se romperam.
Restam a fantasia, as metáforas...
E o poema ainda é pura alegria!

REBELDIA



REBELDIA
(Genaura Tormin)

Rebelde e ousada
Sigo a minha estrada.
Não aceito cabrestos, nem peias.
Sou leve, livre e solta.
Irreverente,
Não me subjugo.

Nasci assim e o serei até o fim.
Peco, muitas vezes.
Não sou perfeita!
Reinicio sempre!
Tentar é o meu lema!
Tenho que experimentar
Para evoluir

Não sou anjo,
Nem demônio.
Sou mulher!
Guerreira por excelência,
Exibo a minha essência.
Faço a hora,
Confesso a minha culpa,
E escrevo a história.

SENTIMENTO INCÓLUME


SENTIMENTO INCÓLUME
(Genaura Tormin)

O sentimento,
Guardião do tempo,
Ainda está incólume
Na cela do peito.
Um gosto de saudade
Impregna a vida.
A solidão se faz!

Paira no ar a indiferença.
Parece desconhecido o lugar,
Ermo, esquisito, sombrio...
E a casa está vazia
A sangrar um silêncio doentio,
Um tédio ambulante
Que mata a fantasia.
Fecham-se portas e janelas.
Quebra-se o encanto.

Fragmentada,
A emoção escapa,
Plangendo os cantos da alma
Onde, as sombras encolhidas
Entreolham-se estáticas
No sarcasmo do tempo.

RETINAS DA VIDA


RETINAS DA VIDA
(Genaura Tormin)

Codificado,
Em partituras indecifráveis,
Está o coração.
A palavra não vem
E as teclas do poema,
Em desalinho,
Escorrem em ambigüidades.

O silêncio é solidão,
Um escudo,
Um esconderijo,
À espera de proteção.
A ordem é recriar,
Fantasiar e seguir!

Na defesa,
A imaginação demente
Escorrega por dédalos confusos,
Acordes desconexos,
Versos inacabados,
Grafados nas retinas da vida.

SEXUALIDADE DA PALAVRA


SEXUALIDADE DA PALAVRA
(Genaura Tormin)

Dispo-me!
Mostro-me inteira.
Erótico está o coração.
Palavras quentes,
Fortes, emocionadas,
Desfilam faceiras,
Substituindo a forma desfeita
De um corpo mutilado.

No leito nupcial,
A poesia faz a festa!
Enrosca-se no orgasmo compartilhado.
A libido viaja pelo pranto,
Pelos compartimentos secretos,
Na verve do querer ouriçado.

Exponho minha nudez poética!
Faço amor,
Na sexualidade da palavra,
Que arqueja
Em carinhoso diálogo,
Dando forma, essência e vida
Ao ato sublimado.

TOPO DO PENSAMENTO



TOPO DO PENSAMENTO
(Genaura Tormin)

Parceira dos passarinhos,
Não tenho destino.
Cavalgo no dorso do tempo.
Brisa no rosto,
Cabelos ao vento,
Coração escancarado,
Bandoleiro, atrevido, valente!
Contente!

Vivo o hoje!
O agora!
Nem futuro, nem passado.
Eu mesma faço a hora!
Sem mágoas,
Sem dores,
Sem ressentimentos.
Apenas conto estrelas,
E ergo a morada
No topo do pensamento.

VIVER É UMA OPORTUNIDADE


VIVER É UMA OPORTUNIDADE
(Genaura Tormin)

Seja feliz,
Seja contente!
Estampe um sorriso grande,
Siga em frente!

Deixe que a sensibilidade
Vasculhe os teus cantos!
Remexa a magia,
O encanto de uma noite fria,
O aconchego do dia,
A brisa da manhã...

Viva!
Não estamos aqui por acaso!
A simplicidade é a cartilha
No resgate do aprendizado.
O poder estar aqui,
É uma dádiva,
Uma oportunidade!

SEM JEITO


SEM JEITO
(Genaura Tormin)


Outra vez parada a teus pés!
Muda, indefesa, estática...
A cada dia resta
Um pouco menos de mim.

Adormecida
Está a nossa cumplicidade,
As bobeiras, as risadas do nada,
Que nem pude exibir mais.

O tempo passa,
O espírito se anuvia,
Não há mais alegria.
Tudo fica tão sem jeito!!
O canto perdeu a melodia.

'Último Soneto'



Quero o manto da noite a velar meu cabelo,
do luar, a centelha, mostrando-me o norte.
Às estrelas suplico, o mais profundo apelo
ao Senhor do existir: que me conceda a morte.

Quero ondas de brisa a ninar-me, em desvelo,
quando o corpo, exaurido, perder o seu porte;
quero o abraço do fogo ao cruel pesadelo
de uma vida sofrida, madrasta, sem sorte.

Que ninguém me lamente, sequer mandem flores
- não suporto o fingir, travestido de cores - ...
Minhas cinzas? Libertas ao vento, mais nada.

Nada mais?... Quero, ainda, a benesse do olvido,
não lembrar deste mundo, infiel, desabrido,
onde o amor tem na dor sua rima adequada.

- Patrícia Neme -

'Soneto da Saudade'


'Soneto da Saudade'


O céu desperta triste, em tom cinzento,
qual lhe fora penoso um novo dia;
aos poucos, verte, em gotas, seu lamento...
Um pranto ensimesmado, de agonia.

Um rouco trovejar, pesado, lento,
parece suplicar por alforria,
num rogo já exangue, sem alento...
A chuva... O cinza... A dor... A nostalgia...

O céu despertou triste... O céu sou eu,
perdida num sonhar que feneceu,
sou prisioneira à espera de mercê.

Sonhando conquistar a liberdade
desta prisão, que existe na saudade...
Saudade, tanta, tanta... De você!

- Patrícia Neme -

SE EU MORRER AMANHÃ


SE EU MORRER AMANHÃ
(Genaura Tormin)

Se eu morrer amanhã,
Nenhuma lágrima,
Nenhum lamento.
Não chore a minha ausência,
Não sinta a minha falta.

Indesmanchável,
Restará a imagem distorcida,
Desse viver sofrido,
Dessa passagem pela vida.

Se eu morrer amanhã,
Não levarei nada.
Só a alma leve e solta,
O coração sombrio
E o dever cumprido.

E mais uma vez,
Sob a egrégora do tempo,
Seguirei outros caminhos...
Mesmo assim,
Ainda estarei por aqui,
No silêncio da noite,
No canto da cotovia,
Para te fazer companhia,
Não te deixando esquecer
De que fui tua um dia.

NA PRIMAVERA O AMOR SE TRANSVERBERA


NA PRIMAVERA O AMOR SE TRANSVERBERA
(Genaura Tormin)


A natureza se enflora,
Transmuda-se em cores,
Em versos, em amores.
Tudo fica florido,
Ensolarado, bonito!
Fica cheio de magia!
E o coração se enternece
Nos veios da poesia.

O riacho gorgoleja,
E os pássaros são os cantores,
Num concerto multicores,
Decantando a pureza,
Da vida que se multiplica,
Em berços na natureza.

O verde é esperança,
E eu corro feito criança,
Colher as flores em cacho,
Molhar os pés no riacho,
E ver o sol transverberado,
No arco-íris dourado
Grávido de tanta beleza.

MEU POEMA TEM MAGIA


MEU POEMA TEM MAGIA
(Genaura Tormin)

Miro a eternidade,
Nas encostas dos sonhos.
Alcanço o infinito
E vejo tudo mais bonito.

Cavalgo no pensamento.
No dorso de miragens.
Construo castelos,
Enfeito-os de brisa e canto,
Flores e pranto.

Meu poema tem fantasia,
Melodia de riacho,
Cheiro de pradaria,
Céu estrelado,
Encanto e magia.

No bailado da alegria,
Borboletas voejam
Nas cores da natureza,
No trinado da passarada,
No refrulho da cascata...
Dentro de mim
Desnuda-se o Universo!

CREPÚSCULO



CREPÚSCULO
(Genaura Tormin)

A ramagem verde e florida
É a moldura do crepúsculo.

A natureza grávida de flores e frutos,
Se oferece em aroma, essência e vida.
Num bailado acrobático de asas e zumbidos,
Abelhas se exibem em show.
A passarinhada trina em coro.
A paz se multiplica, e o amor se faz!

Sombras rendilham o chão
Em desenhos sonolentos.
São bandeiras ouriçadas ao açoite do vento,
Às carícias incandescentes do sol poente.
Os últimos lampejos abraçam a terra,
Coroando-a de fímbrias prateadas,
De indescritível policromia!

Antes de fechar a porta do dia,
O céu se veste em traje de gala,
Borda a terra de afagos fraternos,
Laivos de ternura...
Nesse ritual, a alma canta,
O astral se levanta,
E Deus se mostra na beleza do universo!

CACOS ESPALHADOS



CACOS ESPALHADOS
(Genaura Tormin)

Faz silêncio!
Na alma o tempo é calmo.
Brisa de bonança
Após a tempestade.

Cacos espalhados
Na história da existência.
Tormentas e torvelinhos
Ao longo do caminho.

Uma reflexão,
Uma oração
Para agradecer os percalços,
Desafios necessários
Para a evolução.

PROTÓTIPO DA FELICIDADE


PROTÓTIPO DA FELICIDADE
(Genaura Tormin)

A distância edifica o amor!
Prova a sua importância,
o lugar cativo no coração.
Pode, também,
consolidar o fim,
lanhar a emoção.

Na dúvida,
nunca diga adeus.
Tente outra vez!
Resista ao sentimento.
A esperança não pode partir.
Abra seu coração!
Deixe o afeto emergir.

Cante por todas as mágoas,
por todas as dores...
As portas se abrem sempre.
Não se aprisione às que se foram.
O amor é imprescindível.
É alento, tormento,
dinâmica do existir.

Sua falta machuca,
diminui a auto-estima,
abre crateras, provoca feridas...
Ame,
mesmo que seja em sonho!
Encontre pessoas queridas.
A fantasia faz parte!
É o protótipo da felicidade!

SÓ CORAÇÃO


SÓ CORAÇÃO
(Genaura Tormin)

Felicidade,
Que coisa louca!
Não cabe toda
No peito.

Mistura de sonhos,
Desejos,
Beijos,
E uma vontade infinda
De ir para o céu.

Ver o Anjo Querubim,
Sentir-lhe as mãos,
O sorriso terno,
O hálito de mel...

Vontade de voar longe,
Debaixo de suas asas,
Ficar nenê outra vez
E esquecer o mundo.

Felicidade,
Insanidade,
Gosto de infinito,
Sem razão,
Só coração.

PREDILEÇÕES


PREDILEÇÕES
(Genaura Tormin)

Gosto muito de música,
Sempre de acordo com as ocasiões.
Reputo-me versátil, passional...
Adoro as músicas clássicas,
Orquestradas, assobiadas,
Os cantos gregorianos, óperas...

Os mantras relaxam-me o espírito,
A música sertaneja, volta-me às origens.
Gosto da magia, da paz de uma noite estrelada,
Da beleza do mar no açoite de suas vagas,
Da natureza verde prenhe de flores e frutos.

Gosto de um pôr-do-sol nostálgico,
Esgueirando-se entre montanhas,
Iluminando os restos de tarde
debulhados em sombras;
Gosto do marulhar de riachos,
Da ventania na copa das árvores,
Do gorjeio da passarinhada...

Gosto de muitas outras coisas
Que tocam os meus sentimentos,
Ouriçam o meu espírito,
Ajudam o meu aperfeiçoamento
Enquanto caminheira desta vida.
Gosto de tudo o que acalenta o coração,
Os ouvidos e olhos, fazendo-me melhor,
Aumentando o prazer, a crença em mim mesma
E a vontade de viver.

'TORMENTO'


Eu me pergunto pelo teu caminho,
pelas veredas desse teu viver;
porque eu quisera dar-te meu carinho
e ver teu rosto a cada amanhecer.

Eu te procuro... Mas não te adivinho,
onde meu toque possa te envolver...
E me pergunto se vives sozinho...
E se me guardas junto ao teu querer.

Eu te procuro, dia ou madrugada,
meu pensamento voa, sem parada...
Quem é aquela que te faz feliz?

Quem te resguarda, quando tens tristeza,
quem te acarinha, quando há incerteza...
Quem te aconchega, como eu sempre quis?

- Patrícia Neme -

ISSO É TER ALEGRIA



ISSO É TER ALEGRIA
(Genaura Tormin)

Alegria, é estar vivo,
Integrando o universo,
Ter uma família,
Fazer um verso.

É ter um lar, um amor,
Cultivar uma flor...
É ter uma digna ocupação.
Ser honesto, praticar o bem,
Ter amor no coração.

É poder renascer a cada dia,
Ter sonhos, ter harmonia.
Marcar o trajeto com bonança,
Encantar-se com o sorriso da criança,
Acreditar no porvir,
E ter esperança.

Alegria é ter o coração aberto,
Sincero, sensível, enamorado.
É extasiar-se diante da vida,
Da natureza florida...
É ouvir uma música,
As baladas do vento no temporal,
O zumbido das abelhas,
Os refrulhos sonoros de um riacho...
Uma declaração de amor.

É ser valente, ser contente,
Livre para agir.
Saber que Deus está presente.
É poder servir!

Ver o céu bordado de estrelas,
A lua a vagar no firmamento,
A terra molhada, a passarinhada...
É ter coragem, ter sentimento.

É poder correr pelas colinas,
Soltar pandorgas ao vento,
Subir às árvores,
Perseguir cometas e arco-íris,
Fazer poesia,
Falar de encanto, de magia,
Cantarolar um hino de paz!
Isso é ter alegria!

NESGAS DE SAUDADE


NESGAS DE SAUDADE
(Genaura Tormin)

Quanta saudade daquele tempo!
Dos verdes anos lá na fazenda...
Do sol nascendo na serra,
Qual bola de fogo
Dissipando a escuridão.
O mugido do gado,
O copo de leite no curral...
Ah, quanta saudade!

E o dia da pamonhada,
Dos mutirões...
Todos ouriçados,
Parentes e vizinhos,
Amigos aos punhados.

Verdes campos.
Natureza em festa,
Onde as gotas de orvalho tremulavam
Nas cores do arco-íris,
Aos albores da aurora,
Orquestrada pela passarinhada.

As espigas de milho,
Feito bonecas de cabelos ruivos,
Ao açoite do vento,
Dançavam no verde salão do milharal,
Regidas pelo alarido das maritacas.
Era uma tela pintada nas cores da esperança,
Por isso era tanta bonança...

Laboriosos,
Todos compartilhavam alegres, festivos,
Cantando modas de viola,
Enquanto preparavam as roliças pamonhas,
De doce, de sal,
À moda, com lingüiça, pimenta e queijo...
O paladar aflorava o apetite,
Com o cafezinho quente,
Torrado na roça e moído na hora,
Do jeito lá do sertão.

Quanta simplicidade,
Quanta vida!
Quanta solidariedade
Capaz de aumentar afeto,
Enflorar corações
No laço gostoso da amizade.

TUDO PASSA


TUDO PASSA
(Genaura Tormin)

Esforço insano
Ao baixar o pano
Desse palco!
Atores moribundos,
Esquecidos nas curvas
Da memória,
No lento vagar
De águas turvas,
Encapeladas de agonia.
Risos sarcásticos!
Falta a alegria!

Tudo,
Que um dia
Foi um arco-íris,
Bordado de luz e vida,
Hoje são restos de verdades,
Retalhos de amor,
Fragmentos de amizade...

Desbotados,
Quase amarelados,
Perecem sob o açoite do vento,
Do sol causticante,
Que matam vagarosamente
O enlevo de amor
Que havia entre a gente.

SAUDADE GASTA



SAUDADE GASTA
(Genaura Tormin)

Aqui estou
Da espera tão cansada!
Os anos passaram
E ainda guardo
O gosto do primeiro beijo,
A frase feita,
A rua estreita,
O verso inacabado,
Que eu não pude te entregar.

Há cicatrizes
De um amor sem jeito,
Escondido aqui
No meu peito,
Eternizado num simples retrato
Desbotado,
Já desfigurado,
Que me aguça a lembrança
Numa saudade gasta,
De uma paixão bandida,
Esmaecida na esquina do tempo.

O AMOR QUE NÃO TE DEI


O AMOR QUE NÃO TE DEI
(Genaura Tormin)

Neste compartimento atrasado,
Arraigado por valores ultrapassados,
Sobram tantos desejos guardados,
Acovardados aqui.

Os riscos que não quis correr
Latejam em mim.
A lágrima escondida,
Ainda queima.
O sentimento recluso,
A poesia que rasguei,
São feridas exangues
Que nunca te contei.

Cativo, trancado, rebelde, danado,
Jaz todo o amor que não te dei,
Por covardia, talvez.
Agora, já nem sei.

AS FLORES FALAM



AS FLORES FALAM
(Genaura Tormin)

Flores estampam amor,
Carinho,
Gratidão...

Enfeitadas de sorrisos,
De olhares de ternura,
Calor de beijos,
Mãos entrelaçadas,
Segurança de abraços,
Parecem falar.

Multicores,
Mensageiras,
As flores brancas hasteiam a paz,
as rubras cantam o amor,
em botões escarlates,
Declaram a paixão,
O arroubo,
A entrega.

Às vezes,
Machucam,
Fazem chorar...
Lembrando dores,
Saudades,
Amores olvidados,
Esquecidos num lugar qualquer do passado,
Esmaecido no tempo
Que não volta mais.

COMEÇO DO FIM




COMEÇO DO FIM
(Genaura Tormin)

O tempo está inerte,
O sorriso não vem
E pulsa descontrolado
Um coração cansado.

Não há vida no ar,
Nem espera,
Porque é o limite da hora,
O começo do fim.

O querer morreu.
Esfacelado está o sentimento
No vazio do nada.
E no silêncio,
Apenas
Uma lágrima de mulher.

MEDITANDO


MEDITANDO
(Genaura Tormin)

Dia comprido,
sem sol,
Sem flores,
Sem amores.

Frio no tempo,
Cansaço,
Espera,
Loucura,
E na alma,
O muito que apavora.

Em tudo,
A saudade que castiga,
A lâmina que fere,
O frio que aumenta,
A lágrima que cai
E a dor do irreversível.