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junho 25, 2012

A MORTE DE JESUS



Da Cruz pendente expira, e, sem demora,
De susto e horror desmaia o sol na altura,
Cobre-se o céu de um manto de negrura,
E o mundo inteiro treme e se apavora.

Trajando luto, a natureza chora,
Fende-se a terra, estala a rocha dura,
E, abandonando a paz da sepultura,
Vagueiam mortos pelo campo afora...

Além ronca o trovão sinistramente...
Fuzila o raio e, em doida tempestade,
Brame e se agita o velho mar gemente.

Tinhas, decerto, ó Cristo, a divindade,
Pois na morte de um Deus, de um Deus somente,
Pode haver tanta pompa e majestade!


Pe. Antônio Tomaz

VESPERTINO


VESPERTINO
(Pe. Antônio Tomaz)

Sobre as veigas e campos perfumados
Se estende um véu de sombras e palores;
Cingem, no entanto, vívidos fulgores
Os denegridos cerros escalvados.

Enxada ao ombro em cismas mergulhados
Voltam do campo os rudes lavradores;
Soam no ar bucólicos rumores;
Doces mugidos, cantos magoados.

Ao longe o sino em doloroso acento
Geme uma prece; a juriti suspira,
De quando em vez, um brado de lamento.

E na floresta – gigantesca lira –
Vai tristes nênias entoando o vento
Ao rei da luz que no poente expira.

A MORTE DAS ROSAS



Nos canteiros orlados de verdura,
De mil gotas de orvalho umedecidas,
Cheias de viço e de perfume ungidas,
Desabrocham as rosas à ventura.

Mas a vida das rosas pouco dura,
E as míseras em breve, enlanguescidas,
A fronte curvam, nos hastis pendidas,
Sob os raios do sol que além fulgura.

E vão largando as pétalas mimosas
Ao sopro mau dos vendavais infestos,
E os despojos finais das tristes rosas

De cor vermelha, pelo chão tombados,
Fazem lembrar sanguinolentos restos
De pobres corações despedaçados.


Pe. Antônio Tomaz