Quero que me abraces,
antes que a tristeza envelheça no meu peito.
Com o tempo, habituei-me
à conivência das palavras
e a usar, com inocência, certos gestos.
A tua sombra é-me familiar.
Sou espectador do teu sorriso
tão perto da simplicidade.
Quero falar contigo, horas a fio.
Sem pretextos de fuga.
Sem palavras caladas.
Um silêncio definitivo ser-nos-ia fatal.
Mas, depois, partirei,
porque sei que há no meu sangue
uma embarcação possessa
do chamamento do mar, ou da solidão.
Graça Pires,
in Conjugar Afectos