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março 13, 2021
ARCO-ÍRIS
ARCO-ÍRIS
Choveu tanto esta tarde
Que as árvores estão pingando de contentes.
As crianças pobres, em grande alarde,
Molham os pés nas poças reluzentes.
A alegria da luz ainda não veio toda.
Mas há raios de sol brincando nos rosais.
As crianças cantam fazendo roda,
Fazendo roda como os tangarás:
"Chuva com sol!
Casa a raposa com o rouxinol."
De repente, no céu desfraldado em bandeira,
Quase ao alcance da nossa mão,
O Arco-da-Velha abre na tarde brasileira
A cauda em sete cores, de pavão.
Olegário Mariano,
em Canto da Minha Terra (1930).
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ARAMES
ARAMES
Minha poesia é cheia de lugares comuns
Com alguns quadros espalhados
Dias quase sempre nublados
Tijolos comuns assentados
Ela navega bem longe da filosofia
Pega algum violão emprestado
Às vezes sorri, às vezes chora
Às vezes tenho vontade de ir embora
De caminhar mundo a fora
Pegar carona numa música
Que me faça bem ao ouvir
Minha poesia é como folha solta no vento
Rasgada pelos arames farpados
Por muros que escondem o outro lado
Arnoldo Pimentel
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VOZ DE OUTONO
Voz de Outono
(Antero de Quental)
Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
— «Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima soidão,
Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel
deveza,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!
Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,
(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!»
—
Antero de Quental,
em "Sonetos"
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