Voz de Outono
(Antero de Quental)
Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
— «Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima soidão,
Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel
deveza,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!
Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,
(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!»
—
Antero de Quental,
em "Sonetos"
Volte sempre e comente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grata pela visita. Volte sempre!