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julho 22, 2012

ESPELHO II



O espelho sujo
deforma a imagem: do rosto.
Não o rosto
diante do espelho.

Porque o espelho dentro do rosto
é inimigo apropriado.
Eterno e breve.
Transcende a convivência consigo mesmo
e o tempo marcado.

O espelho dentro do rosto
como o rosto espesso, diverso, esparso,
estúpido, estranho,

é estrune do tempo
e ouro da morte.

Lindolf Bell
In ‘Código das Águas’


LIMITES DO AMOR


Condenado estou a te amar
nos meus limites
até que exausta e mais querendo
um amor total, livre das cercas,
te despeça de mim, sofrida,
na direção de outro amor
que pensas ser total e total será
nos seus limites da vida.

O amor não se mede
pela liberdade de se expor nas praças
e bares, em empecilho.
É claro que isto é bom e, às vezes,
sublime.
Mas se ama também de outra forma, incerta,
e este o mistério:

- ilimitado o amor às vezes se limita,
proibido é que o amor às vezes se liberta.
Ele quis morrer para arrasar a morte e voltar.


Affonso Romano de Sant’Anna



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