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abril 23, 2012

INSTROSPECÇÃO


Nuvens lentas passavam
Quando eu olhei o céu.
Eu senti na minha alma a dor do céu
Que nunca poderá ser sempre calmo.

Quando eu olhei a árvore perdida
Não vi ninhos nem pássaros.
Eu senti na minha alma a dor da árvore
Esgalhada e sozinha
Sem pássaros cantando nos seus ninhos.

Quando eu olhei minha alma
Vi a treva.
Eu senti no céu e na árvore perdida
A dor da treva que vive na minha alma.

Vinícius de Moraes

VENHO DE LONGE



Venho de longe!
Trago nas mãos
Rosas das estações
Molhadas pela neblina do tempo
Converti em canções a minha dor
Imortalizei a saudade na poesia
Dentro do real,
Fotografei o imaginário
Com passos incertos
Caminhei sobre montanhas
Floridas de fantasias
E na magia
Recriei paisagens
Tempestades e calmarias!

Conceição Bentes


SILÊNCIO


Cala. Qualquer que seja esse tormento
que te lacera o coração transido,
guarda-o dentro de ti, sem um gemido,
sem um gemido, sem um só lamento!

Por mais que doa e sangre o ferimento,
não mostres a ninguém, compadecido,
a tua dor, o teu amor traído:
não prostituas o teu sofrimento!

Pranto ou Palavra - em nada disso cabe
todo o amargor de um coração enfermo
profundamente vilipendiado.

Nada é tão nobre como ver quem sabe,
trancado dentro de uma dor sem termo,
mágoas terríveis suportar calado!

Medeiros e Albuquerque


JORNADA DA ALMA


Começo minha busca pelo coração
domesticando a natureza brusca,
lapidando o instinto
racionalizando o erro cometido

Averíguo passos em falso
abstendo-me do deslaço,
devolvendo amor para o descaso.

É a evolução do ser que se dá,
na renovação que se confirma,
nessa busca infinda do caminho da paz.

Conceição Bentes