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janeiro 10, 2021

SAUDADE

SAUDADE

A palavra dita de forma errada, mal pensada,
 assusta a fantasia de um coração acuado, 
que tenta em silêncio catar cacos de esperança para sonhar.

 Gloria Dantas

Saudade

Saudade

 Não existe nada melhor que sonhar... 
A emoção do primeiro abraço, 
O beijo, o rosto corado, o corpo suado, o perfume no ar... 
 Teu caminhar apressado no desespero de me alcançar, como se eu fosse fugir... 
 Os olhos brilhantes e serenos, assim como de uma criança! 
Que saudade do raro momento que exige do meu coração recordar... 
 Momentos tão breves, mas de tamanha grandeza... 
que lamentei acordar!!! 

 Glória Dantas.

A PROCURA


 
 Andei pelos caminhos da Vida. 
Caminhei pelas ruas do Destino
- procurando meu signo.
 Bati na porta da Fortuna,
 mandou dizer que não estava. 
Bati na porta da Fama, 
falou que não podia atender. 
Procurei a casa da felicidade, 
a vizinha da frente me informou 
que ela tinha se mudado
 sem deixar novo endereço.
 Procurei a morada da Fortaleza. 
Ela me fez entrar: deu-me vestes nova,
 perfumou-me os cabelos, 
fez-me beber de seu vinho. 
Acertei o meu caminho. 

 Cora Coralina

A vigília do silêncio

 

 Apraz-me ouvir, às horas vespertinas, 
 Quando o ocaso desmaia o azul sidéreo,
 O longo cantochão das casuarinas 
 Na religiosa paz do cemitério. 

 As árvores, em múrmuras surdinas,
 De um rumor elegíaco e funéreo, 
 Falam de coisas mortas e divinas, 
 Veladas pelas sombras do mistério. 

 A perscrutar as vozes do arvoredo, 
 Na ânsia inquietante e céptica do sábio, 
 Tento, ó Morte! saber o teu segredo.

 Mas vejo, no alvo mármore das urnas, 
 O Silêncio com o dedo sobre o lábio, 
 Olhando as vagas solidões noturnas... 

 Da Costa e Silva

A Sombra do Salgueiro

 

 Porque fosses o sonho de ventura 
 Que eu tanto ambicionara e conseguira,
 Nunca julgara, nem jamais previra 
 O transe cruel que agora me tortura.

 Só a extensão de um grande mal sem cura
 Poderia mostrar que me iludira; 
 Que a ventura na vida é uma mentira 
 Sempre falaz àquele que a procura.

 Louco de dor, o espírito delira
 E a Castália das lágrimas apura 
 A emoção de infortúnio que me inspira... 

 Mas foi tamanha a minha desventura, 
 Que pendurei, muda e quebrada, a lira 
 No salgueiro da tua sepultura. 

 Da Costa e Silva