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janeiro 10, 2021

A Sombra do Salgueiro

 

 Porque fosses o sonho de ventura 
 Que eu tanto ambicionara e conseguira,
 Nunca julgara, nem jamais previra 
 O transe cruel que agora me tortura.

 Só a extensão de um grande mal sem cura
 Poderia mostrar que me iludira; 
 Que a ventura na vida é uma mentira 
 Sempre falaz àquele que a procura.

 Louco de dor, o espírito delira
 E a Castália das lágrimas apura 
 A emoção de infortúnio que me inspira... 

 Mas foi tamanha a minha desventura, 
 Que pendurei, muda e quebrada, a lira 
 No salgueiro da tua sepultura. 

 Da Costa e Silva

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