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setembro 23, 2012

NA VÉSPERA



Na véspera de nada ninguém me visitou.
Olhei atento a estrada durante todo o dia
Mas ninguém vinha ou via, ninguém aqui chegou.

Mas talvez não chegar
Queira dizer que há
Outra estrada que achar,
Certa estrada que está,
Como quando da festa
Se esquece quem lá está.

Fernando Pessoa

POR QUE CHORAR DE SAUDADE



Por que chorar de saudade,
se me resta o longo mar sonoro e vário,
a flor perfeita, a estrela certa,
e a canção que o pássaro vai bordando no vento?


Por que chorar de saudade,
se me resta um jardim de palavras,
e os bosques do eco
e estes caminhos da memória me pertencem?


Por que chorar pelo que me levais,
se é maior o que fica:
se a sombra em que vos recordo é mais bela que o vosso vulto,
se em vós morreis e em mim ressuscitais?


É melhor não ficar jamais com quem nos ama.
O amor é um compromisso de grandeza,
o amor é uma vigília incansável 
e aparentemente vã.


Passai, parti, deixai-me, vós que, no entanto,
parecestes um momento mais adoráveis
que o mar, que a flor, que a estrela,
que a canção que um frágil pássaro vai bordando no vento...


Éreis o vento, apenas.

Cecília Meireles

O AMOR...



É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"

Cecília Meireles 

QUANDO ELA FALA



Quando ela fala, parece 
Que a voz da brisa se cala; 
Talvez um anjo emudece 
Quando ela fala. 

Meu coração dolorido 
As suas mágoas exala, 
E volta ao gozo perdido 
Quando ela fala. 

Pudesse eu eternamente, 
Ao lado dela, escutá-la, 
Ouvir sua alma inocente 
Quando ela fala. 

Minha alma, já semimorta, 
Conseguira ao céu alçá-la 
Porque o céu abre uma porta 
Quando ela fala.

Machado de Assis

HORA DA SAUDADE



A tarde se esvai
lentamente
esgarçando suas luzes
em infinitos cristais
a tarde se esvai
e na alma fica um silêncio
de sinos mudos
uma espera ansiosa
de estrelas
uma saudade fininha
de não se sabe o quê.

Roseana Murray