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julho 19, 2009
INQUIETUDE
INQUIETUDE
Tarde cálida e mórbida... Angustiante...
Um silêncio mortal. Nem uma voz
Levanta-se no vácuo. Torturante
O ar pesado paira sobre nos.
O calor abrasado, sufocante
Já me importuna de maneira atroz
E nesta alegoria delirante
Triste lembrança se me faz algoz.
Dentro em meu peito, o coração soluça!
E genuflexo triste se debruça
Sobre um passado que já vai distante.
Chora contrito uma recordação,
Revive um sonho que perdido em vão
Pra mim tornou-se um padecer constante.
Bernardina Vilar
In ‘Bom dia, Saudade!’ (1995)
OUSADIA
Tela: John Atkinson
OUSADIA
Na ânsia de atingir o ignorado
Vai-se o tempo voraz, audacioso
Nas brumas de um enigma mergulhado
Não para de correr, misterioso.
Qual rio a transbordar agigantado
Investe sem cessar, tempestuoso,
Contra tudo que atira no passado
No mais terrível gesto, corajoso.
Com ele tudo passa: a dor, a vida
A alegria, o amor, as esperanças
No arrojo invulgar desta corrida.
Não olha para trás nem retrocede...
E vai deixando apenas as lembranças...
. . . Como quem parte que não se despede!
Bernardina Vilar
In ‘Bom dia, Saudade!’ (1995)
DERRADEIRA SAUDADE
Tela do Pino
DERRADEIRA SAUDADE
PAIXÃO fugaz... Ventura passageira...
Rosa que não colhemos da roseira,
Mas que esteve, no galho, ao nosso alcance.
Ah! Quanta vez, num desespero mudo,
Eu quedo-me a cismar naquilo tudo,
Que encheu de sol nosso cruel romance!
Bendigo ainda os beijos que maldizes,
Que abriram na minh’alma cicatrizes,
Que encheram de ambrosias nossa boca;
Só me consola, nesta dor pungente,
Lembrar que te adorei perdidamente,
Lembrar que me adoraste como louca!
Mudaste muito, eu sei... Mas, com certeza,
Nas horas de saudade e de tristeza,
Em que a alma chora e o coração nos trai,
Hás de pensar em mim de quando em quando,
Com lágrimas nos olhos relembrando
- Toda essa história que tão longe vai!
Paulo Setúbal
Só tu
Tela do Pino
Só tu
Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram,
Já não me lembro, nem sei...
São tantas as que me amaram!
São tantas as que eu amei!
Mas tu - que rude contraste! –
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
Só tu, nest'alma, ficaste,
De todas as que eu amei.
Paulo Setúbal
INQUIETUDE
Tela: John Atkinson
INQUIETUDE
Tarde cálida e mórbida... Angustiante...
Um silêncio mortal. Nem uma voz
Levanta-se no vácuo. Torturante
O ar pesado paira sobre nos.
O calor abrasado, sufocante
Já me importuna de maneira atroz
E nesta alegoria delirante
Triste lembrança se me faz algoz.
Dentro em meu peito, o coração soluça!
E genuflexo triste se debruça
Sobre um passado que já vai distante.
Chora contrito uma recordação,
Revive um sonho que perdido em vão
Pra mim tornou-se um padecer constante.
Bernardina Vilar
In ‘Bom dia, Saudade!’ (1995)
ANALOGIA
Tela: John Atkinson
ANALOGIA
Aos albores bucólicos da aurora
De púrpura é matizado o azul do espaço
E o arrebol tão rápido descora
O infinito, abrangendo em leve embaço.
Vem a neblina. A natureza chora
Um pranto como orvalho tênue, baço,
Mas um rasgão de luz se rompe agora
A terra acobertando num abraço.
Surge o sol, chega o dia e vai passando
Entre pouca alegria e muitas dores,
Sem uma trégua, o incansável tempo.
Nas brumas do passado assim jogando
As nossas ilusões em estertores
Da saudade em passivo desalento.
Bernardina Vilar
In ‘Bom dia, Saudade!’ (1995)
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