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novembro 02, 2010
ALMA
Alma
Somente tu, nobre alma, acalma com teu manto este pobre;
Ainda sob o estigma da vida em pedaços,
Com tua inefável luz, oriunda do espaço,
Sustentáculo de carinho... Forte braço!
Encobre-me por inteiro... Gesto faceiro!... Como és nobre!...
Li no teu olhar. Fiz-me brilhar. Deste-me inspiração...
Alma boa, como tua palavra me esclarece!
Guardo no peito o néctar que me ofereces,
Agradeço-te de corpo e alma... Uma prece!
Soa a voz de tua ternura... Esta ventura... Ah! Coração!
Imagino a aurora, minh’alma chora por tê-la,
Ouço os acordes, acalmam m’dores,
Louvo tua presença!... Ofereço-te flores!
Encontro à razão. Atinjo os esplendores!...
... Teus carinhos afagam meus caminhos, minha estrela.
Machado de Carlos
NÃO MORRERAM, PARTIRAM PRIMEIRO
NÃO MORRERAM, PARTIRAM PRIMEIRO
(Amado Nervo)
Choras os teus mortos com tanto desalento
que parece até que és eterno.
Eles não morreram, apenas partiram primeiro.
Como lobo faminto, te agitas impaciente, na ansiedade de desvendar os mistérios que poderão ser simples, transparentes e brilhantes aos quais terás acesso quando tu mesmo morreres.
Eles não morreram, apenas partiram primeiro, diz sabiamente o provérbio inglês.
Eles partiram antes... Por que insistis em questionar o porque?
Deixa-os sacudir o pó da estrada.
Deixa-os curar no colo do Pai os pés feridos da longa caminhada.
Deixa-os descansarem os olhos nos verdes pastos da paz.
Antes, preparas a tua bagagem, pois o comboio te espera.
E essa sim, é uma tarefa prática e eficiente.
Verás os teus mortos, e isso é um fato próximo e inevitável. Então não tenhas a menor pressa em alterar as poucas horas do teu descanso.
Eles, num impulso quebraram as barreiras do tempo e te esperam pacientemente.
Apenas foram num comboio anterior.
A morte é uma alegria, e esse conhecimento é dado por Deus aos que se aproximam dela, e oculto aos que ainda irão percorrer longa etapa de vida, para que sigam naturalmente o caminho.
Tradução livre por Regina Helena e Maria Madalena
AMOR INGLÓRIA
AMOR INGLÓRIA
(Genaura Tormin)
Eu queria te dar tanto carinho!
Esperar-te à sombra daquele ipê florido,
Bem pertinho da lagoa, lá curva do caminho.
E no aconchego de almas em desatino,
Num último beijo, selar a nossa história,
Ao arrepio da maldade do destino,
Que nos lançou a um amor inglória.
No desalento, ao romper da aurora,
Esse amor tão grande morrerá sozinho,
Em retalhos dispersos pelo vento frio,
Numa campa abandonada à beira do caminho.
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