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março 17, 2009
SEGREDO
SEGREDO
(Genaura Tormin)
Quero apenas
meu olhar trigueiro,
meu jeito feiticeiro,
uma música clássica,
um copo de vinho
e um pedaço de estrela
para te dar,
te conquistar
e te fazer meu homem.
Brisa soprando,
cabelos desalinhando
e a lua testemunhando
te ensinarei o caminho,
te entregarei o troféu.
No silêncio,
teremos nuvens por leito,
rasgaremos preconceitos,
trocaremos enzimas,
uniremos genes,
pra desvendar o segredo.
FANTOCHE
FANTOCHE
(Genaura Tormin)
O mundo está parado.
O cérebro inerte,
não pensa,
não reclama,
nem mesmo fala,
apenas existe.
Não tem vontades.
Elas não existem para ele,
pois é fantoche
e brinca de teatro.
Sorri,
chora,
e se extravasa em versos
a ver navios que passam.
A jornada é longa,
o caminho comprido
e o cansaço não pode chegar
ao palhaço que não para de rir,
porque é,
simplesmente,
um FANTOCHE CONVENCIONAL.
ESPERO-TE
ESPERO-TE
(Genaura Tormin)
Espero-te,
porque sei que virás!
Lindo,
como o vejo em pensamento.
Tu, que me dás saudades,
tu, que não conheço,
serás meu,
somente meu.
A ti,
contarei dos dias de vigílias,
e falarei das noites de saudades.
Sei que tu virás um dia,
e meu mundo
será de muitas cores.
Tu,
meu amor,
serás realidade,
eu sei.
E é por isso,
que não me canso
de te esperar sempre,
no calor dos dias,
no frio das madrugadas...
Quando chegares
tudo será dourado,
cheio de encanto,
sem pranto.
E essa saudade louca,
que de ti eu sinto,
será esquecida
com a tua presença.
Tu,
insubstituivelmente tu,
serás meu!
Serás ternura!
Quando, então,
eu serei tua, amor!
DESENCONTRO
DESENCONTRO
(Genaura Tormin)
De saudade,
extravasei-me em lira,
tornei-me eco
pela noite escura.
Corri pelas caladas,
venci distâncias
e senti-me junto a ti.
O peito em ânsia,
a voz em desconexo,
o cérebro parado,
eu esperava imóvel
a tua presença,
na gostosura
de saber-te junto a mim.
E eu te amava,
mais ainda...
Mesmo assim
te foste,
sem perceberes
que eu estava ali.
LEGADO
LEGADO
(Genaura Tormin)
Não vou esquecer
o frio da linguagem,
o rosto da imagem,
a lâmina que mata.
Aceitarei tudo,
concreto ou abstrato,
com o mesmo canto,
a mesma gargalhada
que me fazem forte,
capaz de cantar a morte
e repuxar-lhe a boca de palhaço.
Com sangue,
deixarei gravados,
a dor e a ternura,
marcos indeléveis
dessa caminhada.
SUBLIMAÇÃO
SUBLIMAÇÃO
(Genaura Tormin)
Viver
é realizar-se,
amar,
sofrer,
resistir.
Realizar-se
é não se subjugar:
é ser forte ou frágil,
quando precisar.
Realizar-se é,
antes de tudo,
ousar,
trabalhar,
sublimar para não chorar,
diante do que não se pode mudar.
SAPATINHO
SAPATINHO
(Genaura Tormin)
Foi um presente,
o sapatinho
único,
sozinho,
que baila com o vento,
aguçando a memória.
Seu solado branco,
ileso,
aperta-me o peito,
tortura-me o ser,
marejam-me os olhos.
Sapatinho marron,
companheiro constante,
paradoxo do meu bailado:
o que vive apensado ao chaveiro
da porta do meu quarto.
______________________
_ Você vai voltar a andar, mamãe! Palavras do Frederico, que à ocasisão contava 6 anos de idade, ao me entregar o presente.
AO MEU REI
AO MEU REI
(Genaura Tormin)
Com argila,
tentei esculpir-te
a silhueta.
Grande fiz o teu coração,
as entranhas pulsantes
e a ternura desses olhos
que dão vida aos meus instantes.
Alonguei-te as têmporas,
marquei-te os lábios
e sincronizei as palavras
com as batidas quentes
do meu peito.
E,
eis que estava pronto
o meu Rei.
Austero, porém humilde,
forte mas dócil,
gigante,
mas capaz
de se tornar criança.
MENTE E CORAÇÃO ANDANTES
MENTE E CORAÇÃO ANDANTES
(Genaura Tormin)
Quero curtir minha imobilidade,
Mobilizando corações,
Marcando passadas
Em cada gesto,
Em cada grão de areia
Carreando-os para o infinito.
Quero sentir o gosto de ter pernas.
Acariciá-las, com tato dos dedos,
Mobilizando todas as moléculas.
Quero sentir-me dançando
Ao som de Beethoven ou Bach,
Transando a paz de minha paraplegia
Ao compasso do coração
E à sincronia do cérebro.
Quero andar,
Mais do que todas as pessoas,
Embora saiba que,
Se externamente não marco o chão
Com minhas pegadas,
Meu espírito se alicerça
Em pernas fortes, com mente e coração
Energicamente andantes.
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