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outubro 30, 2010

Solidão sem fim...


Solidão sem fim...

Luar lá fora...
E em meu rosto,
lágrimas em cântaros!

Diante de mim,
na noite enluarada,
cheia de brilhos e encantos,
a minha última esperança:
- Teu vulto por aquela estrada!

Silêncio... Solidão...
E um angustiado coração...
Esperançoso, desencantado...
E por fim... Nada,
apenas o abismo...
Da dor e da saudade!

Regina Helena

Libértame de mí


Libértame de mí, es tu hora
quiero ser de alguien… Ser tuya
hallar refugio entre tus brazos
morir y resucitar en tu boca
aliviando allí mis egoísmos.
En tus caricias me derramo
en el vergel de tus dedos
encarcelándome la piel.
Hoy decides tú mi destino
lanzando hasta mí el fragor
de tu alma indómita, acércate …
Despierta mis ansias y tu aliento
déjalo gritar en un eterno beso,
baraja despacio las ilusiones
que mis ojos brillan, hablan
con acentos sutiles, sumida en el
juego incitante de las sugestiones
llevándome a las mismísimas
puertas del cielo, nutriendo mis
alas con tus manos de viento,
con tu boca de sol en quemante beso.

Colibri

FUMO



Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu amor pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos...

Florbela Espanca
«Livro de Soror Saudade»
1923

MISTÉRIO D'AMOR

Tela de Royo

Um mistério que trago dentro em mim
Ajuda-me, minh'alma a descobrir...
É um mistério de sonho e de luar
Que ora me faz chorar, ora sorrir!

Viemos tanto tempo tão amigos!
E sem que o teu olhar puro toldasse
A pureza do meu. E sem que um beijo
As nossas bocas rubras desfolhasse!

Mas um dia, uma tarde... houve um fulgor,
Um olhar que brilhou... e mansamente...
Ai, dize ó meu encanto, meu amor:

Porque foi que somente nessa tarde
Nos olhamos assim tão docemente
Num grande olhar d'amor e de saudade?!

Florbela Espanca