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janeiro 26, 2021

POBRES ROSAS DE CINTRA

Pobres Rosas de Sintra

Toma essas rosas de Dezembro, agora,
 Que ao frio, à chuva, esta manhã colhi, 
Elas trazem humildes, lá de fora, 
Saudades da montanha até aqui. 

 Hão de morrer d’aqui a pouco, embora! 
Em cada curva onde o perfume ri, 
Trazem mais o terno duma hora, 
Que um frágil coração bateu em ti. 

 Aceita-as pois, mas, como a vida é breve 
E, um dia, perto, leve e branca a neve, 
Há-de cair sobre o teu peito em flor, 

 (Não vá Dezembro algum murchar-te o encanto) 
Deixa tu que eu te colha agora, enquanto 
Tens sol, tens mocidade e tens amor. 

 Nunes Claro 
 De "Cinza das Horas"

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