Seja bem-vindo. Hoje é

março 31, 2009

MARIPOSAS COMPANHEIRAS



Seguimos a mesma rota,
Feito pássaros alados
Borboleteando o espaço,
Almejando o topo do mundo.

Somos mariposas companheiras
Buscando a claridade!
Somos as nossas verdades
Tentando ascender o porvir,
Na construção de nós mesmos,
Para depois seguir.

Genaura Tormin

março 29, 2009

Um pouco de ti...


Nada sei de ti, nunca te vi,
nem ouvi tua voz.
Imagino teu hálito de mate e vinho,
tua exuberante alegria
se opondo à quietude da tua vida.
E, em matizes contrastantes,
ora menina que sonha,
ora mulher que chora,
tens alma etérea, fugidia...
Como o vento!
E coração ardente e forte...
Como o Sol!
Linda imagem de Senhora,
de infinitos silêncios...
E infinita sabedoria!

Regina Helena
(para minha amiga gaúcha, Maria Madalena)

EU TE AMO


Imagem: Jevan, no açude Castanhão

Como um raio de luz que invade as trevas,
entraste em minha vida.
E eu, sobrevivente do medo e da dor,
reconheci em ti o meu anjo,
aquele me conduziria pela mão
para uma vida mais amena.

Chegaste de mansinho, timidamente,
e aos poucos, foste conquistando espaços,
até que te tornaste o dono de todos eles.
Substituíste com tua presença
a escuridão da minha vida pela luz da tua.

E eu, rica do teu amor e pobre de mim mesma,
apenas te dou a certeza do que,
sempre te amei... E te amarei
para todo o sempre!

Regina Helena

março 28, 2009

SEMEAR



Nuvens alvissareiras
No céu sem limites.
Na bagagem:
O sol matreiro,
A chuva dengosa,
O silêncio dos montes,
Flores e fontes,
O aconchego da noite...

Amplidão cósmica,
Beijos aninhados
No perfume da brisa,
No lamento da saudade...
Tudo é liberdade,
Paz,
Felicidade.

Pássaros viajores
Permeiam a paisagem,
Semeando a ternura do afago,
Doce transparência da imagem.
E a oração se faz
Na doçura do olhar,
No desejo de amar,
De ser bom,
De multiplicar...

Genaura Tormin,

MUNDO DE FANTASIA


Sonhei que a vida era diferente.
Cheinha de coisas boas, muita alegria,
Bondade e sabedoria.
E as pessoas eram contentes.

Vivendo a minha fantasia,
Fechei os olhos e vi, por um momento,
Os prados, as flores e o firmamento
A comungarem conosco a harmonia.

Sonhei com a dignidade,
E vi os mendigos abrigados,
Bem vestidos e alimentados,
No exercício da cidadania.

Era um mundo de magia,
Sem dor, sem fome, sem horror.
Somente a voz do amor,
Essência holística da sabedoria.

Genaura Tormin

março 27, 2009

E O VENTO NÃO LEVOU MESMO!


Um tornado arrancou portas,
Matou sonhos, abalou desejos,
Revirou a casa, modificou costumes...
Levou os passos andejos.

No canto da vida, tudo quebrado,
Esfacelado no peito da agonia.
Sem conserto para tanto desmantelo,
A tristeza fazia companhia.

Mas o tornado passou!
E o vento não levou a bravura,
A coragem para reconstruir,
Reinventar passos, alar a mente,
Conquistar vida e seguir em frente.

E o que era uma casinha,
É hoje um castelo à beira da estrada,
Cheio de versos, de alegria,
Na fantasia da jornada.

Genaura Tormin

AMIZADE VIRTUAL


Configurada em bites,
Fluem as palavras,
Em códigos grafados.
Dedilhados no teclado,
Anima a tela quadrada
Do computador.

Acreditar e sorrir!
Ver o humor se agigantar.
Sentir-se feliz.
Agradecer a amizade,
E tentar retribuir,
Bordando a tela de cores,
Para multiplicar amores.

Tantas trocas afetivas,
Carinhos somados,
Tristezas divididas,
Numa mesinha solitária
No canto da sala.

Não há classe social,
Nem grife na vestimenta...
Isso não é necessário!
O que importa
É o ombro amigo,
No cultivo da felicidade,
Entre os elos da virtualidade.


Genaura Tormin

março 26, 2009

MASMORRA FRIA


Abri hoje a caixa
Do meu passado!
Muitas lembranças,
Imagens guardadas,
Perpetuadas em fotografias
Já amareladas,
Envelhecidas.
Um caminho de volta!
História de uma vida!

Um filme que se rebobina
Na mente conturbada,
Rodeada de fantasmas.
São restos de alegrias
Enclausurados em celas,
De uma masmorra fria.
Arcabouços de estrutura vazia
Que fenece no tempo.
Para renascer um dia.


Genaura Tormin

março 24, 2009

TENHO O CORAÇÃO EM FESTA


TENHO O CORAÇÃO EM FESTA
(Genaura Tormin)

É manhã aqui!
Um gosto de aconchego
Ainda me enlaça a cintura.
Teu rosto em mim esculpido,
Estampa-se em tudo que vejo.
O nevoeiro cobre a colina
E acaricia-me a pele,
Ainda molhada pelos teus beijos.

Envergonhado,
Nasce o sol no horizonte.
Sonolento,
Rompe brumas e escarpas,
Boceja intimidades,
Com gosto de fruta madura.

Solfeja votos de bonança,
Bordando a copa do arvoredo
De raios multicores.
Canta para me açoitar o medo,
Acalentar tantas juras,
Guardadas aqui no peito.

Há uma sinfonia no ar.
Os pássaros saltitam nos galhos.
Parecem me saudar.
Tenho o coração em festa.
É místico poder amar!

LUTO


LUTO
(Genaura Tormin)

Não há conserto
Para tanto desmantelo,
Nem oficina
Achará o defeito.

Inútil!
Nada a fazer!
Ciclo encerrado,
Porta fechada.
Tudo arqueja no tempo,
E o relógio não pára.

As mãos seguem vazias,
E por companhia,
Um passeio fúnebre
Conta a história,
Em desbotada policromia.

Foram-se os devaneios,
A lira, a fantasia,
Os versos e a canção.
Luto é o que resta.
Morto está o CORAÇÃO!

março 23, 2009

UM AMIGO


UM AMIGO
(Genaura Tormin)


Um amigo é mais que um colega.
É quase um irmão.
Um amigo de verdade, é claro!
E eles são tão poucos!
Um amigo é um presente,
um relax, um confidente.
Aguça a memória,
relembra o passado,
projeta futuro,
aconselha o presente,
e é um aliado contra os perigos.

A constância de um amigo
é comprovada pelo tempo,
pela solidariedade
de cada momento
que se acumula,
enriquecendo a vida,
vencendo dificuldades,
fazendo felicidade.

Um amigo divide o lanche,
a piada, as risadas, as fofocas..
Divide as experiências,
as conquistas, as dores,
as culpas e os segredos.

Não desculpa nada,
mas perdoa tudo.
Um amigo cobra,
xinga, adverte e critica.
Mas empresta o colo,
a palavra, o sorriso,
a cumplicidade e o incentivo.

Está sempre junto na dor,
presente na alegria.
É causídico ferrenho na defesa,
embora a bronca venha depois.

Um verdadeiro amigo
não segura apenas a mão.
Enfrenta o caos, a solidão,
a depressão,
o copo vazio e a paixão.

Um amigo vibra com o sucesso,
e ampara nos fracassos,
indicando saídas, construindo caminhos.
Um amigo de verdade, é claro!

RETROSPECTO


RETROSPECTO
(Genaura Tormin)

Pintando estrelas,
contando estórias ao vento,
corro pelas ruas,
pelas casas brancas
a falar de mim.

Escancaro a boca,
num sorriso brusco.
Grito mais alto que os trovões
e ninguém me escuta.

Falo de felicidade...
essa felicidade
que quando vem,
me assusta.

Volta tão depressa!
Mal sinto que ela veio.

Fico triste.
A tinta das estrelas
era lavável
e a chuva tirou.

O vento soprou tanto,
esquecendo as estórias
que gritei
aos quatro cantos.

O sorriso,
transformou-se em choro.
Tudo ficou triste.
A felicidade se foi.

SAUDADE ALTANEIRA


SAUDADE ALTANEIRA
(Genaura Tormin)

Gosto de ti
saudade louca,
desvairada e atrevida.
Saudade altaneira
sem eira nem beira.
Saudade de menina,
saudade fagueira.

Gosto de ti
nas noites densas,
nas tardes quentes
ou no pôr-do-sol

Saudade querida
que me aperta o peito,
me deixa sem jeito
com lágrimas nos olhos.

Mas,
gosto de ti!
Viajo nas tuas asas,
pego carona no vento
e consigo
fabricar felicidade.

março 22, 2009

SOU SAUDADE

Tela de Berthe Morisot

SOU SAUDADE
(Genaura Tormin)

Sou a brisa sorrateira
Que te beija as faces,
Sou a chuva no telhado,
Solfejando uma cantiga
Para te acalentar.

Sou a paz,
Sou o silêncio
Numa noite de lua cheia.
Mas sou a lágrima abafada
Na emoção que escapa.

Transmudo-me em versos,
Visto-os de palavras.
Galopo em liberdade.
Eu sou a própria SAUDADE!!!

REDE NEURAL


REDE NEURAL
(Genaura Tormin)

Há mutações,
Autoconhecimento,
Na esquina do tempo.

Na visão de nós mesmos,
Há um mar de sinapses,
Em bites imersos,
Sensorialmente conectados.
A mente em sintonia
Cria o Universo.

Não há dogmas!
Num conceito de Unidade
O pensamento é tudo,
Absoluto.
É ensaio mental,
Força propulsora
No lóbulo frontal,
Altaneiro e soberano
Na rede neural
Do Ser Humano.

MAROLA, VELEIRO E VENTO


MAROLA, VELEIRO E VENTO
(Genaura Tormin)

Céu azul,
Mar revolto,
Alcatifa dos sonhos meus!
Viajo no galope da saudade.
Volto no tempo!
Cheiro de maresia,
Marolas, veleiros...
Vento cantarolando
Na copa dos coqueiros...

O verde da esperança,
E eu, feito criança,
Correndo pela branca areia,
Às carícias das brumas fugidias,
E ao som da ventania.
Ah, eu era só alegria!

As ondas quedavam-se
Ante os pés andejos, dançarinos.
Em coro,
Pássaros entoavam hinos,
Em coloridos gorjeios.
O céu bordado de nuvens viajeiras.
Uma tela de rara beleza,
Numa manhã fagueira.

Hoje,
Desnudo de adereços,
O vento ainda canta para mim.
Parece que ouço o rumorejo,
Daquele vento gostoso,
Que me bordava de beijos.

março 21, 2009

PRIMAVERA


PRIMAVERA
(Genaura Tormin)

Campos floridos, relva verde, vida nova!
A natureza em festa no oráculo das manhãs.
O sol chega atrevido, faceiro, bonito,
Alumbrando os restos de madrugada.
E o vento assobia dengoso,
Acordando as flores sonolentas.

Tudo renasce!
Tudo se transforma!
Realizam-se sonhos,
Bordam-se flores,
No caminho sulcado dos amores.

Ventos macios, coloridos,
Com gosto de bonança,
Esvoaçam os cabelos da manhã,
Perfumando rios e matas.
O riacho marulha um canto de paz.
O amor se faz!

Tudo se agita, se multiplica,
Ganha vida, viço e cor,
Enfeitado pelos gorjeios da passarinhada,
Pelo zumbido das abelhas,
Pelo incansável trabalho das formigas.

Tudo renasce,
Cresce e aparece no círculo da vida.
A natureza se multiplica em berços...
Em rebentos alvissareiros,
Nos canteiros dos jardins,
E nos olhos que há em mim.

Nos meus cantos,
Também é primavera.
Escondo-me na semente,
Transmudo-me na alegria de viver.

VIAGEM


VIAGEM
(Genaura Tormin)

Vida!
Caminhada curta,
Efêmera,
Chama de vela.
A ordem é ser
Ou tentar ser feliz
A cada instante.

Felicidade não é um destino.
É obra de arte,
Uma viagem.
Os momentos são únicos!
Não voltam mais!

Alados por pinceladas de imaginação,
Podem ser mágicos!
Marcos de saudades.

Ame sempre,
Como se nunca tivesse sofrido.
Trabalhe com prazer.
Cante as dores e cultive a paz.

Sorria sempre!
O sorriso enobrece, encanta....
Sorriso é prece!
É Deus dentro da gente!

Encante-se com as pessoas!
Passe-lhes o que há de maravilhoso em si:
O jeito maroto,
O olhar trigueiro,
A maneira manhosa,
Assanhada, faceira...
As gargalhadas e até as lágrimas.

Não é vergonha,
É sensibilidade,
Autenticidade...

Sem que se esforce,
Sem que perceba,
Estará sempre
Entre os parceiros da alegria,
Caminheiros da amizade,
Partícipes de uma linda viagem
Chamada FELICIDADE!
Vida!
Caminhada curta,
Efêmera,
Chama de vela.
A ordem é ser
Ou tentar ser feliz
A cada instante.

Felicidade não é um destino.
É obra de arte,
Uma viagem.
Os momentos são únicos!
Não voltam mais!

Alados por pinceladas de imaginação,
Podem ser mágicos!
Marcos de saudades.

Ame sempre,
Como se nunca tivesse sofrido.
Trabalhe com prazer.
Cante as dores e cultive a paz.

Sorria sempre!
O sorriso enobrece, encanta....
Sorriso é prece!
É Deus dentro da gente!

Encante-se com as pessoas!
Passe-lhes o que há de maravilhoso em si:
O jeito maroto,
O olhar trigueiro,
A maneira manhosa,
Assanhada, faceira...
As gargalhadas e até as lágrimas.

Não é vergonha,
É sensibilidade,
Autenticidade...

Sem que se esforce,
Sem que perceba,
Estará sempre
Entre os parceiros da alegria,
Caminheiros da amizade,
Partícipes de uma linda viagem
Chamada FELICIDADE

EQUILÍBRIO



EQUILÍBRIO
(Genaura Tormin)

Evoluir
É ser inteiro, autêntico,
Despojado, verdadeiro,
Dono de si mesmo.
É semear o bem,
Namorar a vida,
Encantar-se com a chuva,
Com o verde da esperança,
Do amor, da flor,
Do mundo!

Otimismo, emoção,
Temperos da jornada.
Há tantos caminhos,
Veredas e estradas...
Nem entorpecidos
Nem hostis os atos.
O equilíbrio é o ideal.
O amor leva à felicidade!
Singularidade de olhar,
Ternura de afago
Constroem rumos e vidas.

A emoção é roupagem da alma,
E a essência é holística.

HERANÇA


HERANÇA
(Genaura Tormin)

Aos que amo, amei e amarei,
Deixo por herança,
Essa minha esperança,
Essa vontade de querer viver.
Deste meu jeito de moleca,
Levada da breca, arteira, traquina,
Restará saudade.

Deixo a minha crença,
O sonho aceso, a fé,
E o verso inacabado.
Ainda por herança,
O meu encanto,
O meu talento,
E até o gênio forte,
Atrevido, valente,
Que me fez diferente,
Caminheira sem rastros,
Mas um ser contente.

SOU TODA ALEGRIA


SOU TODA ALEGRIA
(Genaura Tormin)

Sou sonhadora!
Vivo fantasias,
Faço poesias...
Rimo um gorjeio de pássaro
Ao barulho da ventania...
Assim,
Sou toda alegria!

Canto o amor,
Defendo a harmonia.
De tudo,
Sou aprendiz.

Colo metáforas,
Faço catarse
Num risco de giz.
O que importa
É ser feliz!

INDIVISIBILIDADE


INDIVISIBILIDADE
(Genaura Tormin)

Quando tu partires
Irei contigo.
Levarei o aconchego da noite
Para te fazer feliz.

Serei suave,
Feito o balanço do mar,
Para te amar,
Amor.

Irei contigo
Aonde fores.
Tuas pegadas
Serão as minhas pegadas,
E eu te amarei
Em todos os momentos.

Não choraremos
Porque as lágrimas secaram
Com o sol da manhã,
Fazendo-nos fortes
A qualquer embate.

Irei contigo
Até o infinito,
Onde tudo é perfeito,
Sem dor,
Sem mutilação,
Sem medo.

Irei contigo,
Amor,
Porque faço parte de ti,
E tu és tudo
Que sempre cultivei em mim.
Assim,
Seremos indivisíveis,
Unos e eternos.

ESCRITURA DO TEMPO


ESCRITURA DO TEMPO
(Genaura Tormin)

Acuada pelos preconceitos,
Cavalgo no dorso da vida.
Rasgo sonhos para engendrar versos.
Alongam-se pelejas.
Cálida, ainda estou
A semear afeto e lágrimas.

Escritura do tempo,
Vou registrando os dias.
De instantes vazios
E certezas incógnitas,
Reconstruo a vida.
Teço a síntese de saudades fugidias,
Argamassa de sonhos,
E guardo no peito
Os retalhos do que sou.

No rosto,
O sorriso, a coragem
E o encantamento de viver.
Em estado de paixão
Tento superar as perdas
E o amor ainda se faz em mim.

EXTRATO


EXTRATO
(Genaura Tormin)

Extrato

Sinto saudades!
Uma saudade própria,
Latejante,
Quente e profunda.

Uma saudade
Que se escancara em gritos,
Rasga dimensões,
Estampa cacos,
Cega os olhos,
Sufoca os sentidos,
Deixando o cérebro confuso,
Inerte,
Ensandecido.

E, no entanto
Há consciência
E o desejo se agiganta
Numa enorme vontade de viver.

BANDEIRA DO OTIMISMO


BANDEIRA DO OTIMISMO
(Genaura Tormin)

Não deixem que cale
O amor que alenta,
A dor que me faz viva,
A ternura do meu peito
E todo esse jeito
Que a vida me deu.

Não deixem
Que o meu canto morra,
Que feneça o meu sorriso
E parta de mim
O compromisso
Desta bandeira de otimismo,
Deste meu desejo de querer viver.

TEU ANIVERSÁRIO



TEU ANIVERSÁRIO
(Genaura Tormin)

Neste aniversário,
Aceita a festa que não posso dar-te,
O jantar à luz de velas,
O vinho francês,
O perfume dos alabastros,
A beleza dos astros...

Embrulhado para presente,
Seguirá o meu amor,
Identificado por um cartão vermelho.
Ao vivo e em cores,
Os enleios das minhas mãos
Roçarão teu corpo “caliente”.
E o meu beijo encontrará o teu,
Porque és a grande paixão,
A maior razão da minha vida,
O acalanto do meu coração.

CORPO MOLHADO


CORPO MOLHADO
(Genaura Tormin)

Quero sentir a tua essência,
Permear-me nos teus cantos,
Esconder-me nos teus braços,
Decantar todos os traços
Deste desejo indomável.

Quero esse querer querido,
Esse amar sofrido,
Que maltrata, exalta,
E me dá prazer.

Quero envolver-te
Neste fogo que me queima,
Na loucura que me invade,
Ao contemplar o teu corpo molhado,
O desejo assanhado
E o gosto do teu beijo
Na minha boca.

ESSÊNCIA LIBERTA


ESSÊNCIA LIBERTA
(Genaura Tormin)

De asas quebradas,
A ave não pode voar.
O invólucro é prisioneiro,
Mas a essência é liberta,
Bandoleira...

Crescem-lhe asas perfeitas,
Imaginárias.
As peias se partem na amplidão.
Desatam-se os laços!
Ilimitado é o espaço
Para voejar versos,
Soltar a emoção
E sentir-se uma estrela andeja.

A MENTE NÃO ESTÁ NOS PÉS


A MENTE NÃO ESTÁ NOS PÉS
(Genaura Tormin)

Quero dizer a vocês,
Que a mente não está nos pés,
E aqui, na minha cadeira,
Trabalho por mais de dez.

Quem me conhece, já sabe
Da minha capacidade,
Não me curvo por besteira
E luto com hombridade.

Mato a cobra e mostro pau.
Medo, não tenho não.
Já mandei prender bandidos,
De estuprador a ladrão.

Lembro-me do grande Franklin,
Dos Estados Unidos, presidente,
Em tempos reacionários,
Exemplo pra muita gente.

Por isso estou aqui,
Em condição inusitada,
Pois sei que neste Planeta,
Não tem uma delegada

Numa cadeira de rodas,
Que seja capacitada,
Faça inquéritos e flagrantes
Numa Especializada.

Mente sã é corpo são,
Por isso não tenho nada,
Sinto-me com pernas fortes,
Numa cadeira sentada.

Na rua dirijo carro,
Faço compras e viajo,
Trabalho, leciono e nado.
É só questão de estágio.

Para os que não me conhecem,
É essa a informação,
Moradores da cidade
E outros que aqui estão.

março 20, 2009

BOLAS DE GUDE



BOLAS DE GUDE
(Genaura Tormin)

Quero gravar
Todas as agonias.
Quero chorar
O pranto da saudade
E a tristeza dos momentos.

Quero ser os acordes
E um violino
E na fantasia
Jogar a tristeza fora.
Quero alçar meu vôo,
Cultuar a liberdade dos meus cantos,
Do meu pranto.

Quero que as lágrimas
Sejam bolas de gude,
E com elas sorrir e cantar,
Sem ter que chorar por dentro.

Quero fazer um brinde,
Enaltecer a verdade,
Sem ver que ela nunca existiu.

Mas,
Se tudo fosse verdadeiro,
O cometa perderia o espanto
E a alma,
Esgueirada em gargalhadas,
Rasgar-se-ia em bandeirolas
Para enfeitar a vida.

PIROMANIA


PIROMANIA
(Genaura Tormin)

Quero gritar
E me completar no silêncio
Dos meus medos.
Fazer uma torre
Dos nervos rotos,
Calcinados, sangrados de desejos.

Contorcer as angústias
Nos rodopios de bailados mortos,
Na loucura estridente,
Tão inclemente,
Desta piromania
Que me embala,
Me cala,
Mas me faz viver.

Quero mostrar
A úlcera do meu ventre,
O vazio do meu útero!
Quero ser fêmea presente,
Incendiária de amor.

MINHA MÃE



MINHA MÃE
(Genaura Tormin)

Minha mãe!
Quanta saudade!
Brado o seu nome
E tenho o eco por resposta.

O telefone do céu está mudo.
Há muito tempo vivo órfã!
Preciso de um colo
Para descansar meu corpo,
Preciso de um ombro
Para chorar.

Mãe,
Preciso de você para me guiar!
Queria dar-lhe o carinho que guardei.
Dizer da vida,
Das dores, dos amores
E das quedas que levei.
Estou indefesa,
Uma criança outra vez.
São tantas as queixas...

Mãe,
Sua presença me devolve a paz.
A silhueta etérea me acompanha
E sob as suas asas sou amada.
Mas é sempre em sonho
E você me deixa quando alguém me toca.
A claridade quebra o encanto.
E ainda por um instante, deixa-me fitar
Os olhos azuis de quem eu amo tanto!

LAMENTO



LAMENTO
(Genaura Tormin)

Serei o grito do vento
E a tristeza dos que se foram.
Desafinadas as cordas,
Esquecerei a melodia,
Queimarei os versos,
Cultuarei as cinzas
Restos de alegria.

No outono,
Com um sopro quente,
Afinarei as cordas
E outros versos farei.

Cantarei o desalento do tempo,
E vestirei máscara de palhaço
Para gargalhar a vida.

E os desejos
Alcançarão o infinito,
Colados nas asas das pandorgas,
Protótipo de uma nova liberdade.

ENTREGA



ENTREGA
(Genaura Tormin>

É noite
Nos meus cantos e recantos.
Muita nostalgia,
Muita agonia....
Descubro-me sozinha.

Apenas as mariposas,
Fazem-me companhia.
A dança frenética,
Em doce melodia,
Adorna a pouca claridade.

Lá fora,
A sutileza do vento,
As intempéries do tempo
Numa fúnebre ventania.

Cartas na mesa,
Jogo no chão.

RELÓGIO MALVADO


RELÓGIO MALVADO
(Genaura Tormin)

Ontem
Te fiz a última poesia.
Falei tanto do meu amor!

Ontem
Ouvi tua música preferida
E tua imagem se fez profunda em mim.

Mergulhei
Em cada canto do teu corpo
E me deixei ficar,
Embriagada
Na ternura dos teus braços.

Ontem
Tive o prazer de ter-te ao meu lado,
No tapete verde de um gramado,
No êxtase sem fim
De beijos e abraços,
Onde éramos as vítimas
De um amor cumpliciado,
Astuto,
Rebelde
E ouriçado.

Quando explodia em mim o coração,
E o sentimento
Sem amarras me vencia,
Eis que o despertar do relógio no criado
Devolve-me à realidade,
Quando pude perceber,
Que apenas,
Havia eu SONHADO.

ADVERTÊNCIA



ADVERTÊNCIA
(Genaura Tormin)

Fale aos que passarem,
Diga aos que vierem
Que o vento levou o amor.
Era uma pandorga de papel,
E no céu, desapareceu.

O amor existiu, e foi lindo,
Matizado de fragrâncias,
Colorido de ternura.
Tinha sabor de festa...
Mas perdeu-se por ínvios caminhos,
Destruindo a fé,
Esfacelando a vida.

Diga das poesias,
Das flores que enganaram a alma
E dos lamentos
Que se misturaram no ar.

Diga da dor
Aos mendigos que passam,
Aos seresteiros da madrugada,
Aos pássaros que cantam...
Diga dos olhos marejados,
Da ferida aberta que nunca sara!

Diga que a dúvida matou o querer
E a essência exala,
Ficando em tudo
A saudade de uma pandorga perdida.

ESQUECIMENTO



ESQUECIMENTO
(Genaura Tormin)

O mundo desaba
Sem piedade,
Sem compaixão.

O tempo diminui,
A distância cresce,
O amor esquece
Tantas confidências,
Tantos momentos
De felicidade.

Nada faço.
Nada resta.
Imagem apagada,
Final de festa.

SOBRA



SOBRA
(Genaura Tormin)

Os desejos não latejam,
Não queimam,
Não ouriçam fantasias mortas.

Apenas uma
Parede branca,
Um elo solto,
Um laço roto
E uma lembrança gasta.

ISSO E VIDA!


ISSO E VIDA!
(Genaura Tormin)

Vida
Cheia de percalços,
Versos e reversos,
Muitos obstáculos.

Muitos desafios
Fazem-nos guerreiros,
Equilibristas de um circo
Chamado destino.

Estamos sempre a cozer,
Remendar falhas,
Cerzir buracos.

Vida
É uma colcha de retalhos.
Às vezes de um colorido vivo...
Outras, matizados,
Desbotados,
Envelhecidos.

Momentos
Sonhados, queridos,
Mas também sofridos,
Engastados no frio silêncio
Que arqueja mórbido, cansado...

EVIDÊNCIA



EVIDÊNCIA
(Genaura Tormin)

No silêncio,
Lamentos tardios
E escusas do que se foi.

O cérebro confunde
Os desejos esquecidos.
O tempo está parado,
O vento não encanta,
Como outrora,
Porque as flores
Já não exalam perfumes.

Não há espera...
Ela não é necessária.
Os dias são normais.
O querer se foi
Com o entardecer
Nas chuvas de março.

Mesmo assim,
Eu sinto frio.
Tudo está tão só.
No silêncio,
As respostas de perguntas
Feitas ao nada.

COMEÇO DO FIM


COMEÇO DO FIM
(Genaura Tormin)

O tempo está inerte,
O sorriso não vem
E pulsa descontrolado
O coração cansado.

Não há vida no ar,
Nem espera,
Porque é o limite da hora,
O começo do fim.

O querer morreu.
Esfacelado está o sentimento
No vazio do nada.
No silêncio,
Apenas
Uma lágrima de mulher.

POETA


POETA
(Genaura Tormin)

Ser poeta,
É viver todos os momentos,
Cantar sentimentos,
Ter sempre “olhos de primeira vez”.

É voar
Nas caudas dos cometas.
É ser dono das estrelas,
Da natureza,
Do infinito,
E ao mesmo tempo,
Não ser dono de nada.

Ser poeta,
É ser METAcoração,
Sentir gosto no sofrer,
Amar a solidão.

Ser poeta,
É conversar com a chuva.
É ser louco ou lúcido
Quando precisar.

É não ter limites,
Driblar barreiras,
Ultrapassar divisas,
Alar o mundo feito borboletas.

Ser poeta,
É deixar rolar o sonho
Maior do que a estrela.

AGONIA MUDA



AGONIA MUDA
(Genaura Tormin)

Um tédio ambulante caminha pelo quarto,
Impregna o ar que circula,
Escorre pelas paredes solitárias.

Em tudo,
Um gosto amargo de dor.
Pasmada, permaneço imóvel.
Em cacos,
Desfaz-se o sentimento.
Indômita, ainda tento resistir.

Na tela indolor do tempo,
Não há bolo de despedida,
Apenas lágrimas que molham
Meu rosto assombrado,
Desenhado na mente fragilizada.

O silêncio se faz
Em súplicas inaudíveis.
E o cutelo da morte
Ameaça golpear-me a alma,
Matar o que restou de mim.

Perdidos,
Estarão os decretos do amor,
As confidências do que sou,
Do que fui...
Tudo,
Tão precoce!

Não há clemência,
Para tão dura sentença.
Agonizam em mim
Os estertores do fim.
Nem mais sei quem sou.

SEM SOLUÇÃO


SEM SOLUÇÃO
(Genaura Tormin)

Brinquedo quebrado,
Imagem esquecida,
No céu,
Ao léu,
Na estrada dolorida
Desta ingrata vida.

Momentos roubados,
Acalentados
No peito da agonia.

Fim da estrada,
Porta fechada,
Noite perdida,
Sem saída,
Sem prospectos,
Só solidão.

Eis-me de novo
A esperar sempre,
Sem solução.

POEMA TRISTE


POEMA TRISTE
(Genaura Tormin)

Quero fazer um poema triste.
Que não fale de amor,
Nem de festa,
Nem de flores.

Quero falar de mim.
Desta solidão,
Jeito único,
De postura estática,
Interminável,
Irreversível.
Deste calafrio
De ossos em desuso.

Quero falar
Deste sufoco no peito,
Sorriso sem jeito,
Impotência que cerceia,
Feito peias
Ou sereias.

Amarras
Que escravizam,
Matam
Ou sublimam,
Fazendo incursões ao infinito,
Melhorando este meu espírito,
Para bailar
Noutras fantasias.

REFÉM DE MIM MESMA


REFÉM DE MIM MESMA
(Genaura Tormin)

Encolhidos em mim,
Jazem as tristezas,
Os amores todos,
Os restos de afeto,
De aconchego, de ternura...

No meu casulo,
Minhas saudades
Abrandam e abrasam
Os desejos refreados,
Ainda molhados de sonhos.

As pedras feriram-me os pés!
Os laços foram desfeitos.
A caminhada revela
A fotografia singela
De um corpo mutilado,
Um coração machucado
E uma bandeira a defender.

Agiganta-se a fé
Nos credos que professo.
De aço me revisto inteira.
Sou refém de mim mesma.
Um soldado aguerrido
À frente da trincheira.

NESGAS DE SAUDADE


NESGAS DE SAUDADE
(Genaura Tormin)

Quanta saudade daquele tempo!
Dos verdes anos lá na fazenda...
Do sol nascendo na serra,
Qual bola de fogo,
Dissipando a escuridão.
O mugido do gado,
O copo de leite no curral...
Ah, quanta saudade!

E o dia da pamonhada,
Dos mutirões...
Todos ouriçados,
Parentes e vizinhos,
Amigos aos punhados.

Verdes campos.
Natureza em festa,
Onde as gotas de orvalho tremulavam
Nas cores do arco-íris,
Aos albores da aurora,
Orquestrada pela passarinhada.

As espigas de milho,
Feito bonecas de cabelos ruivos,
Ao açoite do vento,
Dançavam no verde salão do milharal,
Regidas pelo alarido das maritacas.
Era uma tela pintada nas cores da esperança,
Por isso era tanta bonança...

Laboriosos,
Todos compartilhavam alegres, festivos,
Cantando modas de viola,
Enquanto preparavam as roliças pamonhas,
De doce, de sal,
À moda, com lingüiça, pimenta e queijo...
O paladar aflorava o apetite,
Com o cafezinho quente,
Torrado na roça e moído na hora,
Do jeito lá do sertão.

Quanta simplicidade,
Quanta vida!
Quanta solidariedade
Capaz de aumentar afeto,
Enflorar corações
No laço gostoso da amizade.

COLORAÇÃO



COLORAÇÃO
(Genaura Tormin)

O dia chegara colorido,
E foi tão bonito!
O sol brincava de esconder-se nas colinas.
Tudo era de “faz-de-conta”.

Vi chegar a luz,
Chegarem as nuvens
Com embrulhos tamanhos,
Pendurando-os nas paredes do dia.

A alegria viera junto.
Gritei tão alto,
Tão alto,
Que me tornei em eco.

O céu partira-se
Em pedacinhos curtos,
Que aos poucos formara um todo
A que chamei de AMOR.

Em festa,
Os pensamentos dançavam,
E, na fantasia,
O mundo era fraterno.

Brinquei com a roupagem da tarde,
Esmaecida em belo arco-íris.
Descobri caminhos pintados,
Sorrisos escancarados,
E vi que o pássaro molhado
Cantou feliz,
Quando a noite chegou.

MEDITANDO



MEDITANDO
(Genaura Tormin)

Dia comprido,
Sem sol,
Sem flores,
Sem amores.

Frio no tempo,
Cansaço,
Loucura,
E na alma,
O muito que apavora.

Em tudo,
A saudade que queima,
A lâmina que fere,
O frio que aumenta,
A lágrima que cai
E a dor do irreversível.

março 19, 2009

RECONSTRUÇÃO



RECONSTRUÇÃO
(Genaura Tormin)

Desmorona o castelo,
Esfacela-se a vida!
O querer arqueja no tempo.
Há um gosto de morte no ar.

Dos escombros
Emerge um coração,
Reconstrói a obra,
Dá formas,
Essência
E vida.

Os olhos brilham,
O peito pulsa,
E a fêmea aparece,
Rebelde,
Ouriçada,
No cio,
Conquistada.

De novo,
O amor se vai,
A mágoa fica,
A vida passa.

Reconstruir
É a profissão,
Ainda que o castelo
Não tenha teto.