TORRE
Os ventos altos
vindos das distâncias perdidas
bateram a torre do meu corpo.
Bateram a torre esguia e longa
e puíram-lhe os ornamentos raros,
desfiguraram-lhe a feição de beleza,
como o mar milenário
desastou as arestas vivas dos rochedos
imemoriais.
Não apagaram, porém, a lâmpada
solitária e serena
que ardia no silêncio...
e os meus olhos, rosáceas claras, abertas
para a paisagem
do teu ser,
ficaram coando sempre o clarão suave e leve,
ficaram adolescentes
para sempre...
Tasso da Silveira
De: Alegria do Mundo, 1940
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