No longo espasmo do silêncio, alegre e franca,
A alma dos ventos, ao luar, murmura e fala:
A sombra corre, e tu, lua formosa e branca,
Derramas pelo chão claras manchas de opala.
Eras mortas de amor! Ah! quem te dera tê-las!
Cessaria, de novo, o teu soluço aflito!
Eras em que, sonhando, a sós, sob as estrelas,
Tu passavas com ele através do infinito...
Mas, uma noite, o espaço todo ornado em festa,
Teu esposo partiu, enfim... (Quanto desgosto!)
E dessa desventura extreme ainda te resta
A grande palidez que te ilumina o rosto.
Partiu... Talvez que volte aos lares... Mas enquanto
Ele não volta, em vão o esperas nessa trilha;
Ficas pálida e triste, e choras; o teu pranto
Desce à terra e, ao descer, torna-se luz e brilha.
Chora, infeliz. O pranto as mágoas atenua.
Nunca te canses, dentre as nuvens, de chorar.
Se não chorasses, não teríamos, ó lua,
A poesia sem fim das noites de luar.
Francisca Júlia
In "Esfinges"
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