DESENCANTO
Muitas vezes cantei nos tempos idos
Acalentando sonhos de ventura:
Então da lira a voz suave e pura
Era-me um gozo d’alma e dos sentidos.
Hoje vejo esses sonhos convertidos
Num acervo de penas e amargura,
E percorro da vida a estrada escura
Recalcando no peito os meus gemidos.
E se tento cantar como remédio
Às minhas mágoas, ao sombrio tédio
Que lentamente as forças me quebranta,
Os sons que arranco à pobre lira agora
Mais parecem soluços de quem chora
Do que a doce toada de quem canta.
Pe. Antônio Tomaz
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