Andei pelo mundo no meio dos homens:
uns compravam jóias, uns compravam pão.
Não houve mercado nem mercadoria
que seduzisse a minha vaga mão.
Calado, Calado, me diga, Calado
por onde se encontra minha sedução.
Alguns, sorririam, muitos, soluçaram,
uns, porque tiveram, outros, porque não.
Calado, Calado, eu, que não quis nada,
porque ando com pena no meu coração?
Se não vou ser santa, Calado, Calado,
os sonhos de todos porque não me dão?
Calado, Calado, perderam meus dias?
ou gastei-os todos, só por distração?
Não sou dos que levam: sou coisa levada...
E nem sei daqueles que me levarão...
Calado, me diga se devo ir-me embora,
para que outro mundo e em que embarcação!
CECíLIA MEIRELES
In Viagem, 1939
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