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novembro 01, 2012

PRESENÇA




É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, 
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento 
das horas ponha um frêmito em teus cabelos… 

É preciso que a tua ausência trescale 
sutilmente, no ar, a trevo machucado, 
as folhas de alecrim desde há muito guardadas 
não se sabe por quem nalgum móvel antigo… 

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela 
e respirar-te, azul e luminosa, no ar. 
É preciso a saudade para eu sentir 

como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida… 
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista 
que nunca te pareces com o teu retrato… 
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.


Mario Quintana

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