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novembro 27, 2012

OLHAR DE SOMBRA



Saudades que avultais dia por dia;
Mágoas solenes, mágoas funerárias,
De esborcinadas ruínas solitárias
Que são os templos da Melancolia.

Arabescos de musgo, flores de era;
Tons de nevrose, tons finos e belos,
Desde brancura rútila dos gelos
À ardente floração da Primavera.

Ouvi a lenda desse olhar de sombra,
Onde acordaram vossas revoadas
Toda volúpia de uma estranha alfombra:

Vago, ele tinha, em longas penitências,
O silêncio das praias desoladas,
E esse vago martírio das ausências.

 Silveira Neto,
in 'Luar de Inverno' 

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