Amor-perfeito
(para AJ)
A mesa posta, em linho e prataria...
As velas... Não! Bastava-me o luar.
Nas taças de cristal, minha alegria...
Com rosas, demarquei o teu lugar.
Vesti-me rendilhada de poesia,
em meu cabelo, estrelas a brilhar.
Fiz do cio da noite a melodia,
para nossos sonhares embalar.
E o tempo foi tecendo seus segundos...
Em doces ilusões, percorri mundos,
onde um amor-perfeito floresceu.
Porém, nunca ocorreu tua chegada...
E agora, alcanço o fim da caminhada
sem conhecer o amor que julguei meu!
- Patricia Neme -
Seja bem-vindo. Hoje é
dezembro 21, 2011
dezembro 19, 2011
ún entre sombras y lejanía...
Imagem do Blog Colibri
ún entre sombras y lejanía pudo descifrar que sus labios modulaban un verso pausado en un idioma que a juzgar por su fervor, bañaba su sangre, palabras para nadie más, solo para un ave, que como un secreto descuidado compartió la magia de una ilusión con las alas que deseaban abrazar sus orillas, pues de aquel poema en sus labios mudos, sentí que a pesar de ser un amante en silencio, ambos besábamos el anhelo de un amor en el reflejo de los pensamientos
colibri
ún entre sombras y lejanía pudo descifrar que sus labios modulaban un verso pausado en un idioma que a juzgar por su fervor, bañaba su sangre, palabras para nadie más, solo para un ave, que como un secreto descuidado compartió la magia de una ilusión con las alas que deseaban abrazar sus orillas, pues de aquel poema en sus labios mudos, sentí que a pesar de ser un amante en silencio, ambos besábamos el anhelo de un amor en el reflejo de los pensamientos
colibri
dezembro 06, 2011
Sou Imprecisão
Sou algo impreciso,
decerto um ritmo
que a distância segrega,
decifrando saudades
Ou o outono
deixado na esquina
do tempo que se move
entre incontáveis dias
deixados por ti
Sou pensamentos desfeitos,
sem gestos ou palavras,
alheios e impessoais,
que a nada responde
e que em mim descansa
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 06/12/11
Código do Texto: T3375286
Veredas
Ao amanhecer,
onde nossas almas se entrelaçam,
o tempo leva a insônia
misturada a imensidão
que abrigou meu coração
O sol de um novo dia
surge nas veredas,
claro e evidente
como a saudade
coberta de sorrisos
E pelos teus olhos
ajoelham-se as luzes,
de um outono em festa
onde adormeço
como um gomo de sol
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 05/12/11
Código do Texto: T3374101
novembro 19, 2011
MORTE... VIDA...
Se existe um amanhã... Um "logo mais"...
Quem sabe, onde a certeza do momento?
Viver, morrer... É tudo tão fugaz...
Efêmero... Qual é o pensamento.
Se agora, aqui... Em breve o corpo jaz
em meio ao canto triste do lamento.
Os sonhos... São entregues ao jamais...
Os planos... Perdem-se em esquecimento.
O Agora é tua vida, teu instante,
traze bem junto a ti quem é distante,
quem dá sentido a tu'alma, ao teu amor.
Pois só o amor conduz à eternidade,
o mais... O mais é vão, tola vaidade,
que em si traz o vazio, angústia e dor!
- Patricia Neme -
novembro 09, 2011
contigo
nas brumas do escuro mar
ou nas areias frias de um deserto
num breve segundo, a eternidade
nas tristes sombras da saudade
impensada dor da minha treva
depois, de tão cansada caminhada
de solitária dor, alma sofrida
pelos caminhos rudes desta lida
contigo, em meus braços, minha vida,
...impensada luz da minha treva
reginahelena
(sem verbo)
ou nas areias frias de um deserto
num breve segundo, a eternidade
nas tristes sombras da saudade
impensada dor da minha treva
depois, de tão cansada caminhada
de solitária dor, alma sofrida
pelos caminhos rudes desta lida
contigo, em meus braços, minha vida,
...impensada luz da minha treva
reginahelena
(sem verbo)
novembro 06, 2011
Ya nunca olvidaré
Ya nunca olvidaré
Pero quién habla de olvido
en la prisión en que tu ausencia me deja
en la soledad en que este poema me abandona
en el destierro en que me encuentra cada hora
Ya nunca despertaré
Ya no resistiré el asalto de las inmensas olas
que vienen del dichoso paisaje que tú habitas
Demorándome afuera bajo el frío nocturno me paseo
sobre esta encumbrada tabla de donde se cae de golpe
Yerto bajo el espanto de sueños sucesivos y agitado en el viento
de años de ensueño
prevenido de aquello que termina por encontrarse muerto
en el umbral de castillos abandonados
en el lugar y a la hora convenidos pero inhallables
en las llanuras fértiles del paroxismo
y del único objetivo
este nombre antes adorado
en el cual pongo toda mi destreza en deletrear
siguiendo sus transformaciones alucinatorias
Así una espada atraviesa de parte a parte una bestia
o bien una ensangrentada paloma cae a mis pies
convertidos en roca de coral sustento de despojos
de aves carnívoras
Un grito repetido en cada teatro vacío a la hora del inefable espectáculo
Un hilo de agua que danza ante el telón de terciopelo rojo
en las llamas de las candilejas
Desaparecidos los bancos de la platea
acumulo tesoros de madera muerta y de vivas hojas de plata
corrosiva
No se contenta ya con aplaudir se aúlla mil familias momificadas
tornan innoble el paso de una ardilla
Decoración amada donde veía equilibrarse una fina lluvia
encaminándose veloz hasta el armiño
de una pelliza abandonada en el calor de un fuego de alba
que intentaba dirigir sus quejas al rey
así abro por completo la ventana sobre las nubes vacías
reclamando a las tinieblas inundar mi rostro
borrar la tinta indeleble
el horror del ensueño
a través de los patios abandonados a las pálidas vegetaciones maniáticas
En vano exijo la sed al fuego
en vano hiero las murallas
a lo lejos caen los telones precarios del olvido
agostados
ante el paisaje retorcido en la tempestad
César Moro
De "Lettre d'amour
Pero quién habla de olvido
en la prisión en que tu ausencia me deja
en la soledad en que este poema me abandona
en el destierro en que me encuentra cada hora
Ya nunca despertaré
Ya no resistiré el asalto de las inmensas olas
que vienen del dichoso paisaje que tú habitas
Demorándome afuera bajo el frío nocturno me paseo
sobre esta encumbrada tabla de donde se cae de golpe
Yerto bajo el espanto de sueños sucesivos y agitado en el viento
de años de ensueño
prevenido de aquello que termina por encontrarse muerto
en el umbral de castillos abandonados
en el lugar y a la hora convenidos pero inhallables
en las llanuras fértiles del paroxismo
y del único objetivo
este nombre antes adorado
en el cual pongo toda mi destreza en deletrear
siguiendo sus transformaciones alucinatorias
Así una espada atraviesa de parte a parte una bestia
o bien una ensangrentada paloma cae a mis pies
convertidos en roca de coral sustento de despojos
de aves carnívoras
Un grito repetido en cada teatro vacío a la hora del inefable espectáculo
Un hilo de agua que danza ante el telón de terciopelo rojo
en las llamas de las candilejas
Desaparecidos los bancos de la platea
acumulo tesoros de madera muerta y de vivas hojas de plata
corrosiva
No se contenta ya con aplaudir se aúlla mil familias momificadas
tornan innoble el paso de una ardilla
Decoración amada donde veía equilibrarse una fina lluvia
encaminándose veloz hasta el armiño
de una pelliza abandonada en el calor de un fuego de alba
que intentaba dirigir sus quejas al rey
así abro por completo la ventana sobre las nubes vacías
reclamando a las tinieblas inundar mi rostro
borrar la tinta indeleble
el horror del ensueño
a través de los patios abandonados a las pálidas vegetaciones maniáticas
En vano exijo la sed al fuego
en vano hiero las murallas
a lo lejos caen los telones precarios del olvido
agostados
ante el paisaje retorcido en la tempestad
César Moro
De "Lettre d'amour
novembro 05, 2011
Primavera...
Bastava-nos amar. E não bastava.
Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.
Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.
Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar
a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.
Joaquim Pessoa
in Português Suave
Vigilância
A estrela que nasceu trouxe um presságio triste:
inclinou-se o meu rosto e chorou minha fronte:
que é dos barcos do meu horizonte?
Se eu dormir, aonde irão esses errantes barcos,
dentro dos quais o destino carrega
almas de angústia demorada e cega?
E como adormecer nesta Ilha em sobressalto,
se o perigo do mar no meu sangue se agita,
e eu sou, por quem navega, a eternamente aflita?
E que deus me dará força tão poderosa
para assim resistir todas a vida desperta
e com os deuses conter a tempestade certa?
A estrela que nasceu tinha tanta beleza
que voluntariamente a elegeu minha sorte.
Mas a beleza é o outro perfil do sofrimento,
e só merece a vida o que é senhor da morte.
Cecília Meireles
in Mar Absoluto
novembro 04, 2011
Poema àquela certeza
É esta certeza que o tempo intercepta
– grave rumor do salgueiro ao vento
vento rumor próprio do tempo.
É esta certeza que o rio desenha
na água o vidro....no fundo a sombra
sombra da sombra que se faz na água.
É esta certeza que o vento impele
na água a folha ....no fio do tempo
tempo do tempo que o rio engendra.
É esta certeza que o rumor acende
e deixa no ar redemoinhos
círculos de vento que o vento leva.
Vieira Calado
outubro 30, 2011
SAUDADES
Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca
«Livro de Soror Saudade»
Loucura
Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada
Pavorosa! Não sei onde era dantes.
Meu solar, meus palácios, meus mirantes!
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...
Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...
Pesadelos de insónia, ébrios de anseio!
Loucura a esboçar-se, a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!
Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!
Florbela Espanca
In "À Margem dum Soneto"
outubro 28, 2011
Teu amor entrou na minha vida
Teu amor entrou na minha vida
Violentamente,
Como um sopro de vento
Abrindo a janela de repente.
Teu amor desarrumou meu destino
Arrancou da parede
Velhos retratos queridos,
E quebrou uma jarra
No canto da minha alma
Cheia de rosas,
Cheia de sonhos…
Depois…
Teu amor saiu da minha vida de repente
Como um sopro de vento
Fechando uma porta,
Violentamente.
Carlos Drummond de Andrade
PRINCESA DESALENTO
PRINCESA DESALENTO
Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É revoltada, trágica, sombria,
Como galopes infernais de vento!
É frágil como o sonho dum momento,
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria!
Minh'alma é a Princesa Desalento...
Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
O luar ouve a minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...
Florbela Espanca
Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É revoltada, trágica, sombria,
Como galopes infernais de vento!
É frágil como o sonho dum momento,
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria!
Minh'alma é a Princesa Desalento...
Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
O luar ouve a minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta...
Florbela Espanca
outubro 25, 2011
Cigana
Minha amiga, Suely Saad
Cigana
Sem estação que te prenda
ou teto que te escravize,
fazes da estrada a tua vida.
Tens tudo de que precisas:
- O céu estrelado por teto,
tua religião - a liberdade,
uma fogueira pra te aquecer,
e para te alegrar, violinos e canções!
E se for preciso, cantas um fado,
fazendo do coração um fogaréu,
enquanto tua alma toca castanholas...
És livre como a águia...
E por trás do teu sorriso imenso,
escondes o feitiço do teu olhar.
Senhora do teu destino!
No intenso vermelho de tuas vestes,
cultuas a tragédia da sedução e da paixão.
És cigana... De alma cigana...
Ainda que por um amor,
o teu corpo viva na cidade...
Regina Helena
Para minha amiga, Suely
setembro 26, 2011
Epigrama
espera-me...
eu irei ter contigo um dia.
espera-me...
levarei comigo lindas flores,
de cândida alvura...
e, de longe me verás, e juntos
trilharemos o caminho interrompido
rumo à eternidade.
(Regina Helena)
LÁGRIMAS...
LÁGRIMAS...
(Regina Helena)
Sinto-me sem rumo, sem destino
Numa estrada de dor e solidão
Os olhos embaçados pelo pranto
Que vão deixando a trilha pelo chão.
Quero gritar a dor que me apavora
Quero acender no peito a esperança
Apagar as sombras, ver de novo a luz
Nessa espessa neblina, ver bonança.
Em mim já não há paz, só há saudade...
E como é em vão assim andar!
Ferindo-me nas pedras do caminho.
Quero acordar, voltar à realidade
Calar a dor... e o coração fechar!
E aprender a caminhar sozinho.
julho 28, 2011
SOMBRAS
Nos meus olhos...há sombras sem nome
Sombras flamejantes de pensamentos
Na solidão que no mundo me coube
Nas palavras por dizer...de momentos
Nas sombras que povoam minha mente
De vozes distantes...que não sou eu
Numa dor...pressentida...fremente
Da vida... que em mim morreu
Vejo em sonhos...essa sombra que desce
No escuro da noite...na fria madrugada
Essa sombra negra...que não me esquece
Sombra da morte...na noite sepultada
Minha sombra...em gestos doloridos
É voz da minha dor...da minha queixa
Grita...murmura aos meus ouvidos
A solidão...que esta voz deixa
Na sombra da tristeza...vejo o tempo correr
Corre veloz...como a chama da vida
Solto minhas lágrimas...doi-me tanto viver
Corro contra o tempo...em despedida
Minha alma...de negro vestida
Sepultada...com os sonhos...emoções
Na bruma do tempo...esqueço a vida
Na sombra de mim...enterro as ilusões
Nas sombras da noite...estendo a mão
Afasto os fantasmas que estão em mim
Sombras da minha sombra...são escuridão
São negro céu...abismo sem fim
RosaSolidão
julho 08, 2011
Espectro de mim
Sem ti!
Imagem:John Atkinson
Sem ti!
Contemplando o tempo se escoar,
passam diante de mim horas, minutos,
dias... enfim o ano inteiro passa!
E, como se ao fim de uma estrada,
vejo ao longe apenas o teu vulto.
Em que curva desse caminho eu te perdi?
Em que momento abri espaço
para que saísses da minha vida?
E, como se compondo uma louca melodia,
nos meus mais desvairados sonhos,
refaço tudo... Abro a porta e te vejo entrar...
E a vida volta! E com ela, minutos, horas,
dias... Enfim, o ano inteiro pára...
Enquanto eu volto a viver...
Regina Helena
Um canto de solidão
Um canto de solidão
Dentro de mim há um canto de saudade
que teima em invadir meu coração.
Ainda que o mundo inteiro
esteja ao meu redor, ele está comigo.
Tento fingir que não o ouço
e o calar me assusta,
pois o que me sustentará se a saudade se for?
Insensato coração
que aceita a loucura dessa dor.
Sinto um grito que não ouço
quando meu corpo me pede paz
e ouço o canto do silêncio
que fala mais alto e teima em estar comigo
em forma de saudade.
Noites insones, medo, lembranças...
Essa é a angústia desesperada do meu ser:
- O abandono dos que se perdem
para nunca mais se encontrar.
Regina Helena
julho 07, 2011
Versos Molhados
Versos Molhados
Respinga a lua seu olhar tristonho,
em gotas mansas beija o adormecer
dos versos, tantos... Que, por ti, componho...
E enquanto eu rimo, a noite faz chover!
Densa neblina no olhar do meu sonho...
É chuva, é pranto... Nem sei mais dizer...
E uma saudade, que jamais transponho,
molha as janelas deste meu viver.
E na vidraça vejo a minha imagem,
chora a vidraça... O choro é meu? Bobagem...
É a tempestade que já se avizinha.
Não mais escrevo, guardo meu caderno
e dou-me conta que chegou o inverno
de uma esperança, que morreu sozinha!
Patricia Neme
Respinga a lua seu olhar tristonho,
em gotas mansas beija o adormecer
dos versos, tantos... Que, por ti, componho...
E enquanto eu rimo, a noite faz chover!
Densa neblina no olhar do meu sonho...
É chuva, é pranto... Nem sei mais dizer...
E uma saudade, que jamais transponho,
molha as janelas deste meu viver.
E na vidraça vejo a minha imagem,
chora a vidraça... O choro é meu? Bobagem...
É a tempestade que já se avizinha.
Não mais escrevo, guardo meu caderno
e dou-me conta que chegou o inverno
de uma esperança, que morreu sozinha!
Patricia Neme
junho 19, 2011
INTERREGNO
INTERREGNO
Meus ouvidos ouviram
A tua súplica, dormitando
que estavas em mim
Meus olhos te viram na penumbra
E te enlaçaram
postos em ti
Minhas mãos tateando o tempo
Encontraram o vento.
levando a mim e a ti
Minha voz, rouca, acordou
Murmúrios de sonhos
que estavam aqui
Meus lábios entreabertos, então
Na flacidez da manhã
encontraram os teus
E fomos tão somente você em mim
Eu em você...
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
junho 17, 2011
JARDIM SEM ANJOS
JARDIM SEM ANJOS
Essas flores não têm mais perfume
Esqueça as trovas que ouviu nas noites
Enluaradas em que sonhava com um amor
Que poderia haver entre as janelas do quarto
Olhe bem as camadas que escondem as palavras
Que foram jogadas ao vento na intenção de iludir
As mariposas que vagavam perto das luzes de névoa
Sem pergaminhos para escrever o que ouvia no coração
Sinta o gosto da ferida que foi deixada
No corte que não sangrou porque a pele de cimento
Ainda existe na solidão pintada no vidro
Com as mãos que foram tocadas pela ponte sobre o rio seco
O jardim florido está perdendo as asas de anjo
E as rosas vermelhas estão deixando de ser ouvidas
Porque o vento está soprando na direção do leste
E tentando mostrar ao seu coração que jamais existiram flores no quadro
Talvez o mundo do coração não seja ilusório
E as gotas de suor que escorreram pela sombra
Ainda seja a melhor tatuagem para carimbar a estrela cadente
Que partirá do mundo de sombras que iludiu a madrugada com desamor
Eu sei que ainda vou sorrir durante a chuva que cairá na estrada
Mas o sorriso amargo na minha face é a prova que sairei inteiro
Depois do vendaval que fará sucumbir o jardim sem anjos
Onde só ficará quem realmente se deixar enganar depois do amanhecer
Arnoldo Guimarães dos Santos Pim
junho 13, 2011
CANÇÃO OCULTA
CANÇÃO OCULTA
A onda de mar e céu, redonda,
durou nos ares um sorriso.
Nenhum poder claro ou inviso
deteve no ar a débil onda.
Um esvair-se em vácuo e treva
do vôo da ave itercadente.
Música silenciosamente
mergulhada, que o tempo leva.
O sonho côncavo buscando-se
no aço do espelho convexo,
que ria incólume, sem sexo,
sem uma imagem, mas brilhando.
O gesto de nuvens e de águas,
a aragem, a palavra, a rosa,
a intraduzível, soluçosa
sombra de vento sobre as águas.
Abgar Renault
In: Obra Poética
Agradeço sua visita.
Volte sempre e comente!
SOLIDÃO
SOLIDÃO
O rio se entristece sob a ponte.
Substância de homem na torrente escura
flui, enternecimento ou desventura,
misturada ao crepúsculo bifronte.
Antes que débil lume além desponte,
a sombra, que se apressa, desfigura
e apaga o casario em sua alvura
e a curva esquiva e sábia do horizonte.
Os bois fecham nos olhos os arados,
o pasto, a hora que tomba das subidas.
Dorme o ocaso, pastor, entre as ovelhas.
Sobem névoas dos vales fatigados
e das árvores já enoitecidas
pendem silêncios como folhas velhas.
29.12.51
Abgar Renault
In: Obra Poética
Agradeço sua visita.
Volte sempre e comente!
junho 02, 2011
SONETO EM AMARELO
Deixo-te a fragrância da erva-doce,
As sílabas aladas de um poema,
O conforto seco de uma novena;
Deixo-te tudo que comigo eu trouxe.
Quando nas tuas ideias flutuantes,
Vires minha silhueta no orvalho
Ou na grandiosidade de um carvalho,
Estarei no amor que tu me abranges.
Da ausência que me faz presente em ti,
Florescem surrealismos de Dali
Nos canteiros áuricos de Van Gogh.
Naquela tarde, adiante de um iogue,
Serei eu a retornar sobre os raios de sol,
Silenciosa tal qual um caracol.
(Luciene Lima Prado)
Tristes Memórias
A minha voz não te toca...emudeceu
Sinto a melancolia... de ti...em mim
Nos olhos o vazio...que nos meus esmoreceu
Calados e distantes...vivemos assim
No teu silêncio... és noite fechada
És...estás distante...o amor morreu
Nem te apercebes que sou noite cerrada
Vivi em ti...hoje em mim...a solidão cresceu
Memórias antigas...perdidas no tempo
Nas palavras esquecidas...na boca calada
Sou corpo ausente...fantasma no vento
Nos sentires da saudade...sou vida acabada
Sou vazio...sou silêncio...sombra triste
Sou resto de ti...que ficou em mim
Nesta angustia...que no meu peito resiste
Caminho sem volta... horizonte sem fim
Na fronteira da memória...palavras por dizer
Paro o tempo...no despontar da aurora
Esqueço o pensamento...na raíz do querer
Traços de desgosto...dor que me apavora
Sou alma só...escrevo a vida em verso
Abismo na morte...no abandono de ti
No passar do tempo...nas rimas que esqueço
Nas lágrimas que choro...choro por mim
Sonhadora
maio 04, 2011
abril 04, 2011
Que este amor não me cegue...
I
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
Hilda Hilst
In Cantares do Sem Nome e de Partidas (1995)
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
Hilda Hilst
In Cantares do Sem Nome e de Partidas (1995)
fevereiro 25, 2011
NÃO TÃO PERFEITO...
NÃO TÃO PERFEITO...
Ah, esse amor perfeito que me embala
na calidez do rôxo e do amarelo...
E grita por um nome... E jamais cala...
Embora eu o rejeite... É o meu anelo!
Por qual razão me prende, me avassala,
se trouxe a dor... Se foi o meu flagelo?
Se fez-me a vida amarga e ao contemplá-lo,
só cinzas de um sonhar, doce, singelo...
Amor-perfeito... A flor de mil lembranças,
guardadas sem espera ou esperanças...
Serena, tal qual foi o meu querer.
Pequena, qual o olhar que tu me deste...
Tristonha, pelo amor que não quiseste...
Perfeita flor... Tão só... No fenecer!
- Patricia Neme -
fevereiro 16, 2011
REGRESSO
REGRESSO
Quando eu chegar... Terás o peito aberto
para acolher o amor que em mim perdura?
Para aninhar o que tenho encoberto,
envolto em versos da rima mais pura?
Quando eu chegar... Mas sempre estive perto...
Supri distâncias com minha ternura,
flori, com pranto, o roseiral deserto...
Porém, não viste... Buscas aventura.
E vais de flor em flor, sem ter destino,
teu versejar descreve o descaminho,
teu passo é amargo, de vão peregrino.
Quando eu chegar... Terás serenidade
para me contemplar, além da idade...
E enfim deixar brotar o teu carinho?
- Patricia Neme -
(quentinho, feito hoje, rsrsr)
Quando eu chegar... Terás o peito aberto
para acolher o amor que em mim perdura?
Para aninhar o que tenho encoberto,
envolto em versos da rima mais pura?
Quando eu chegar... Mas sempre estive perto...
Supri distâncias com minha ternura,
flori, com pranto, o roseiral deserto...
Porém, não viste... Buscas aventura.
E vais de flor em flor, sem ter destino,
teu versejar descreve o descaminho,
teu passo é amargo, de vão peregrino.
Quando eu chegar... Terás serenidade
para me contemplar, além da idade...
E enfim deixar brotar o teu carinho?
- Patricia Neme -
(quentinho, feito hoje, rsrsr)
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